10/07/2023 às 11h25min - Atualizada em 10/07/2023 às 11h25min
“Agro Wealth Management” dá o tom do empresário do agronegócio
divulgação (*) Charluan Gamballe
A safra 2023 no Brasil está prestes a começar e com isso a geração de receita no agronegócio se aquece com a comercialização da produção. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), se prevê um avanço de 10,9% no PIB do setor para este ano, na comparação com 2022.
Essa informação associada à projeção do World Wealth Report, da consultoria Capgemini, que coloca o agronegócio como uma das 10 áreas que mais vão gerar milionários na próxima década, traz a necessidade latente para os empresários do setor de gerir o seu patrimônio de maneira mais inteligente, se a proposta for se manter nesse grupo. E o motivo é simples quando o cenário é o Brasil.
O setor, principalmente o médio empresário do agro, tem enormes desafios que envolvem a produção sustentável de alimentos e o crescimento populacional que se deparam com uma carga tributária altíssima, poucas oportunidades de crédito e conhecimentos ainda limitados sobre uma gestão inteligente de patrimônio, a qual é conhecida no mercado financeiro como wealth management.
Diante disso, não cuidar de maneira otimizada da sua riqueza, utilizando estratégias sofisticadas do mercado financeiro pode levar esse empresário a dois caminhos: alto nível de endividamento ou mesmo a quebra da empresa. E em ambos o entendimento é simples: o que leva a uma saudabilidade das operações financeiras são: gestão de receitas e despesas aliada a investimentos inteligentes para garantir o reinvestimento na empresa já pensando na próxima safra. Isso envolve: insumos, equipamentos, mão de obra e tecnologias. Quando isso não ocorre a consequência normalmente é trágica.
Ainda não é comum especialistas da área financeira no agronegócio, mas esse mercado vem se aquecendo e com ele surge uma nova terminologia: o Agro Wealth Management. Nos últimos meses, a busca por ajuda por empresários do setor tem crescido em média 20% aqui na GCS Capital, onde temos uma área dedicada ao segmento.
Mas, afinal, para o empresário do agro que todo ano sofre com as inconstâncias climáticas, oscilações das commodities e taxas de juros altas, como o Agro Wealth pode ajudar? Essa pergunta vem sendo cada vez mais recorrente no segmento.
Entre diversas possibilidades, uma delas é o planejamento financeiro. Desenvolver um plano financeiro abrangente, que considere as particularidades do setor é fundamental. Avaliar fluxos de caixa sazonais, planejar investimento em expansão ou atualizar instalações e gerenciar dívidas e financiamentos, são algumas das possibilidades.
Outro ponto de suma importância é a gestão de riscos. O setor está sujeito à flutuação nos preços das commodities, desastres naturais, oscilações climáticas e regulamentações governamentais. Ter planos de contingenciamento desses riscos traz segurança e as ferramentas podem ser: diversificação de investimentos, uso de contratos futuros para commodities, obtenção de seguros agrícolas e gestão de patrimônio profissional.
Lidar bem com a alta carga tributária pode economizar muito dinheiro. Questões fiscais complexas orbitam o agro e otimizar a situação tributária do empresário, identificando estratégias para minimizar a o impacto dos tributos, aproveitar benefícios fiscais e garantir a conformidade com as leis traz benefícios substanciais.
E não se pode esquecer dos investimentos. Tomar a decisão certa sobre em quais ativos investir fora da atividade agrícola traz segurança adicional. Existem ações, títulos, fundos de investimento ou imóveis, os quais geram retornos consistentes e equilibram os riscos. Além disso, avaliar oportunidades de investimento no próprio setor como FIAGRO’s e CRA’s, além de projetos de expansão vertical e horizontal, fusões, arrendamentos, aquisições ou investimentos em tecnologia complementam essa visão, “um olhar da porteira pra dentro e da porteira pra fora de forma sinérgica”.
Com a mudança de mentalidade cada vez maior do empresário middle market do agro, não é surpresa se muitos deles, até então desconhecidos, começarem a despontar como grandes players do mercado.
(*) Charluan Gamballe é CEO da GCS Capital