11/03/2024 às 09h14min - Atualizada em 11/03/2024 às 09h14min

Previdência Social à beira do colapso: o que nos espera?

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Por Julia Guimarães Florim - advogada
 
A Previdência Social, pilar fundamental da seguridade social brasileira, enfrenta um futuro incerto. O envelhecimento da população, a baixa arrecadação e a diminuição da taxa de fecundidade convergem para um cenário preocupante, com o sistema à beira do colapso.
Os dados demográficos divulgados pelo ultimo censo do IBGE são alarmantes e acende o alerta para um possivel colapso não muito distante.
 
*Dados alarmantes do IBGE 2022:*
 
* A população brasileira está envelhecendo em ritmo acelerado. A expectativa de vida ao nascer atingiu 77,2 anos, enquanto a taxa de fecundidade total caiu para 1,3 filho por mulher.
* O número de pessoas com 65 anos ou mais está crescendo exponencialmente. Em 2022, já representavam 14,3% da população, e a projeção para 2060 é de 32,7%.
* Essa mudança demográfica impacta diretamente a Previdência Social. A proporção de trabalhadores em relação aos aposentados diminui, reduzindo a arrecadação e aumentando o déficit do sistema.
 
*O impacto da baixa arrecadação:*
 
* A Previdência Social já opera com déficit há anos. Em 2022, o rombo foi de R$ 364,2 bilhões, o que representa 4,78% do PIB. Para 2023 o déficit foi de 290 bilhões.
* A baixa arrecadação, combinada com o aumento do número de aposentados, coloca em risco a sustentabilidade do sistema.
 
*Diminuição da taxa de fecundidade:*
 
* A baixa taxa de fecundidade contribui para o envelhecimento da população e para a redução da força de trabalho.
* No ano de 2019, para cada pessoa com mais de 60 anos, havia 4,6 pessoas com idade entre 16 e 59 anos. Em 2060, essa relação deve diminuir para 1,6.
* Com menos pessoas trabalhando, há menos contribuintes para a Previdência Social, o que agrava o problema da arrecadação.
* É necessário implementar políticas públicas que incentivem a natalidade e a participação das mulheres no mercado de trabalho.
 
*Aumento de pessoas trabalhando na informalidade*
Segundo dados do IBGE 39,1% das pessoas trabalham na informalidade.
Apenas no ultimo trimestre de 2023 mais de 613 mil pessoas passaram a atuar no mercado de trabalho como informais, ou seja, sem registro em carteira.
O emprego informal empurra os trabalhadores à margem da vulnerabilidade já que a grande maioria não se preocupa em recolher contribuições à seguridade social.
Embora a taxa de desemprego tenha reduzido no ultimo ano se comparado com 2022, o alívio para as familias brasileiras não é efetivo já que boa parte dessas ocupações se baseiam em empregos informais.
O emprego informal garante o sustento das familias enquanto está sendo prestado, porém não protege o trabalhador em situações de demissões involuntárias e nem mesmo em casos de doenças, já que na maioria das vezes os trabalhadores não efetuam recolhimento à previdência social.
 
*O futuro da Previdência Social:*
 
* O futuro da Previdência Social é incerto e exige medidas urgentes.
* É fundamental um amplo debate sobre o tema, envolvendo toda a sociedade, aumentar incentivos fiscais para que os trabalhadores sejam contratados com carteira assinada pode ser uma saída.
* Reformas estruturais no sistema previdenciário, ainda podem ser necessárias para garantir a sua sustentabilidade a longo prazo.
* Para evitar o colapso, medidas drásticas precisarão ser tomadas, como aumento da idade mínima para aposentadoria, redução do valor dos benefícios ou aumento das contribuições
 
*Possíveis soluções:*
 
* Implementar um sistema previdenciário misto, com capitalização e repartição.
* Aumentar a idade mínima para aposentadoria de forma gradual.
* Reduzir o valor dos benefícios mais altos.
* Criar incentivos para que as pessoas trabalhem dentro do mercado formal
* Implementar políticas públicas que incentivem a natalidade.
* Aumentar a arrecadação da previdência social com direcionamento de imposto dobre a renda para custeio da seguridade social
 
*Conclusão:*
 
O futuro da Previdência Social depende de ações conjuntas do governo, da sociedade civil e dos trabalhadores. É fundamental agir agora para evitar um colapso do sistema e garantir a proteção social das futuras gerações.
 
*Fontes:*
* IBGE: [https://www.ibge.gov.br/](https://www.ibge.gov.br/)
* Ministério da Economia: [https://www.gov.br/economia/pt-br](https://www.gov.br/economia/pt-br)
* Tribunal de Contas da União: [https://www.tcu.edu/](
https://www.tcu.edu/)
 
Julia Guimarães Florim
Advogada e consultora jurídica em Direito Previdenciário.
Instagram: @juliaflorimadvogada
 

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