A ideia era acordar por volta das 3h30 da manhã, mas a ansiedade fez com que eu me levantasse às 2h30. Também, não era por menos. De 2012 a 2020, enquanto estive na TV Clube, participei da romaria umas 5 vezes, sempre na função de repórter. Todos os anos, eu prometia que, se no ano seguinte não estivesse mais na tv, eu faria a caminhada. Saí da tv, mas as obrigações de pai surgiram. Algumas promessas não cumpridas e eis que, no último sábado, consegui realizar.
Eu sempre gostei de caminhadas longas. Adoro a ideia de utilizar as pernas para alcançar destinos. Por isso o sono desapareceu antes da hora.
Depois disso, separei roupas leves, fiz uma alimentação simples (um pedaço de pão e uma xícara de chá) e pronto! Dirigi até o ponto de concentração dos romeiros da academia que frequento: a praça José Mortari na Vila Tibério.
Às 5h30 em ponto, começamos a andar. Descemos a Rua Monte Alverne, depois a Via do Café, passamos pela Câmara lotada de fieis e começamos a desbravar a Avenida Caramuru.
A energia era tão gostosa que as pernas pareciam flutuar. Não havia cansaço naqueles primeiros quilômetros. Alguns voluntários distribuíam bananas, pedaços de bolo, água e cafés. Meu entusiasmo era imenso.
Reparei senhoras carregando imagens de Nossa Senhora, jovens caminhando descalços e muita gente vestindo-se com imagens da mãe de Jesus.
Que alegria.
Ao fim da Avenida Caramuru, as pernas já davam os primeiros sinais de cansaço. Afinal, já eram 7 quilômetros de um percurso que, por ter iniciado na Vila Tibério, alcançaria os 13.7 quilômetros.
Do outro lado da pista, cenários bucólicos. Muita mata e estradas – antes de terra – melhoradas com pedriscos. Os fieis descalços começaram a sofrer, e eu ainda parecia com a alma levitando, mal acreditando que estava ali, realizando um sonho.
A experiência ficou ainda mais gostosa quando animada turma de fieis cantou louvores de Nossa Senhora, em frente a uma casinha típica de fazenda, hoje cercada por condomínios chiques da Zona Sul.
Mais alguns quilômetros, muita água e um cachorro-quente dado por voluntários, o quadril começou a doer. Em frente ao Taiwan o corpo começava a pedir para parar.
Me neguei a obedecer aos apelos orgânicos, e segui focado em chegar em Bonfim Paulista. Ainda me recordava dos primeiros passos dados na Vila Tibério, quando o dono da academia que frequento – quem organizou a saída da Vila – disse que já havíamos dado 15 mil passos.
Com a informação reconfortante, segui. Logo chegamos em Bonfim, passamos em frente famosa cervejaria e observamos o pujante comércio bonfinense.
Mais uma ligeira subida e pronto! Às 9h em ponto alcançamos a igreja e concluímos o trajeto. Depois, foi tomar um refrigerante, comer um espetinho de carne e voltar para Ribeirão.
Uma vitória para a alma e o desejo de repetir tudo de novo, no ano que vem.