07/11/2024 às 09h40min - Atualizada em 07/11/2024 às 09h40min

Em tempo recorde, ultramaratonista brasileira Fernanda Maciel completa desafio na montanha mais alta da Oceania

(Crédito: Red Bull Media House/Red Bull Content Pool)

Conquistando mais um feito extraordinário em sua carreira de ultramaratonista, a brasileira Fernanda Maciel completou a rota desde a base até o pico da Pirâmide de Carstenzs, montanha mais alta da Oceania, em apenas 1 hora e 48 minutos. Foram dois recordes de FKT (Fastest Known Time) conquistados, o tempo total de subida e descida na montanha, e o recorde feminino de subida, realizado em 1 hora e 04 minutos. 

 

"Meu objetivo era fazer o percurso em 2h, e eu consegui em 1h48. Estou muito feliz, por ter feito bem mais rápido do que eu achava, além de ter feito em condições climáticas ruins, como neve, chuva e pedras bem escorregadias que me fizeram desacelerar, e é uma montanha muito alta. Então, você está milhares de metros acima e tentando dar o máximo mental e fisicamente e tem todo esse ambiente ao seu redor mostrando que é muito perigoso onde você está", conta Fernanda.

 

A atleta percorreu, sem suporte de oxigênio suplementar, uma distância total de 4.300m, com um desnível positivo de 582mD+ e 1.164m de ganho acumulado. O feito marca o quinto pico concluído em sua jornada dos maiores cumes: Kilimanjaro, Aconcágua, Monte Vinson, Elbrus e Carstensz. 

 

"Eu estive escalando as maiores montanhas do mundo e Carstensz é uma delas, a maior da Oceania, e foi por isso que eu vim. Estava esperando por esse momento por tanto tempo e o que me convenceu a vir foi saber que é um enorme desafio chegar aqui, e também a montanha ser diferente de todas as outras que escalei, por ser um lugar bem diferente e técnico - percebi quão técnico era quando estava checando a rota. Muitos dizem 'é fácil', ou 'é curto', mas não é. É um caminho muito longo e técnico. As cordas são velhas e muitas, então você pode se confundir com qual corda usar, dependendo do lugar que você está", relembra.

 

Localizado em meio a densas florestas tropicais, a Pirâmide de Carstensz possui terreno rochoso com seções íngremes que requerem habilidades técnicas específicas de alpinismo. A ultramaratonista realizou 2.200m do percurso correndo, e encarou a maior parte da escalada sozinha. Fernanda recebeu assistência do montanhista Carlos Santalena nas seções mais perigosas, como uma passagem alta e de linha tênue, em que ele a ajudou segurando uma corda fixada em dois pilares próximos ao cume para facilitar seu salto sem nenhum ferimento.

 

Conhecida por sua determinação, a mineira soma essa conquista da Pirâmide de Carstensz a outros recordes mundiais, como o de ser a primeira mulher a subir e descer o Aconcágua, na Argentina, em menos de 24 horas, e mais recentemente repetiu o feito no Monte Vinson, na Antártida, onde foi recordista mundial de subida mais rápida (6h40min) e de tempo somando tanto subida quanto descida (9h41min). Fernanda ainda é a primeira mulher a correr o Caminho de Santiago de Compostela (860km, em 10 dias) e a primeira colocada do Ultra Trail Mont Fuji (169km).

 

A conexão de Fernanda com causas sociais e também com o meio-ambiente já é antiga, e a atleta brasileira inclusive já trabalhou como advogada ambiental até iniciar sua carreira no esporte. Por onde ela passa, gosta de chamar a atenção para questões urgentes em alguns dos locais mais distantes do mundo. "Meu objetivo não é apenas estabelecer recordes, mas mostrar a beleza e a resiliência desses ambientes. Espero que as pessoas possam ver o poder da natureza através das minhas jornadas e se sintam motivadas a protegê-la", disse Fernanda.

 

No Kilimanjaro, ela visitou o Centro de Orfanato Kilimanjaro para apoiar crianças locais; na Antártica, colaborou com a Fundação de Ciência Antártica para estudar o impacto das mudanças climáticas no plâncton; na Rússia, apoiou a organização "Crisiscenter.ru", que ajuda mulheres sobreviventes de violência; no Aconcágua, usando sua experiência como advogada ambiental, trabalhou com autoridades de Mendoza para promover a gestão sustentável de resíduos no parque, destacando o impacto ambiental dos escaladores.


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