Manuela de Souza Rezende, de 10 anos, passava muitas horas no celular, assistindo vídeos no YouTube e jogando. Recentemente, trocou o uso excessivo das telas por atividades como jogos de tabuleiro, de cartas e desenho. “Agora, passo a tarde toda brincando com os meus primos, jogando e movimentando meu corpo na ginástica”, conta.
A cada dia, adultos e crianças passam mais tempo utilizando novas tecnologias na vida cotidiana, para se divertir, interagir e até mesmo aprender. Mas o uso inadequado e excessivo das telas pode gerar efeitos nocivos para saúde física e mental e também para o aprendizado. Estudos do Instituto Nacional de Ciências Médicas Gerais dos Estados Unidos (Nigms, na sigla em inglês) revelam que a luz dos dispositivos pode confundir o relógio biológico do usuário durante a noite.
Para fomentar o uso do tempo livre sem telas, os estudantes do 4º ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista Champagnat, de Ribeirão Preto, trouxeram como problematização e reflexão em seu Projeto de Intervenção Social (PIS) a temática “Troque um momento de tela por um momento de cuidado com você”. Com isso, adultos e crianças passaram a deixar os eletrônicos “no armário” e a utilizar os momentos livres - finais de semana e períodos noturnos - sem TVs, celulares, tablets ou computadores.
O resultado: muita conversa, interação, exercícios físicos, jogos de mesa. “A minha professora propôs como tarefa de casa uma pesquisa sobre os danos causados pelo uso das telas. Depois que eu descobri como isso interfere na minha vida de forma negativa, tomei uma decisão, diminuir o contato com as telas e hoje eu saio mais de casa para brincar, jogar pingue-pongue e aproveitar muito mais os momentos em família”, conta Teodoro Marques Sirino, de 10 anos.
“O contato humano é essencial para o desenvolvimento emocional e social, e a substituição desses momentos por interações virtuais pode levar ao isolamento e à solidão. Portanto é importante buscar um equilíbrio saudável entre o mundo digital e o real. Reservar um tempo para desconectar, praticar atividades físicas, meditar e cultivar memórias afetivas são algumas das maneiras de promover nosso bem-estar.”, diz a professora Marina Mariotti, que coordena o projeto no Colégio Marista Champagnat.
A iniciativa começou quando, em sala de aula, os próprios alunos perceberam que passavam muito tempo nas telas e sem interagir com as pessoas da própria família. “Refletimos sobre isso e decidimos criar um projeto para conceber espaços de diversão e autocuidado sem telas”, conta a professora de Ribeirão Preto.