O brasileiro vem perdendo interesse pelo carro, como mostra um levantamento de 2023 feito pelo Serasa em parceria com a Opinion Box, empresa especialista em pesquisa de mercado. 64% dos entrevistados afirmaram que o uso do automóvel mudou na pandemia, enquanto 31% acham que sua necessidade diminuiu.
Algumas possíveis causas são os altos custos, trânsito carregado nas grandes cidades e mais alternativas de transporte.
Segundo a consultoria automotiva Jato Dynamics, o brasileiro deve desembolsar pouco mais de R$ 151 mil para comprar um carro zero. O valor é referente a fevereiro de 2024, 7,7% mais caro do que no mesmo período de 2023.
Mesmo os carros populares podem pesar no bolso. A tabela Fipe do Onix – um dos carros mais vendidos do Brasil – mostra que o modelo 1.0 Turbo Flex Plus Premier Automático, de 2024, sai na faixa de R$ 106 mil. O mais barato, o modelo 1.0 MPFI LS Flex 4P Manual, de 2013, custa cerca de R$ 37 mil.
A alta do dólar, inflação e as consequências da pandemia são alguns fatores que ajudam a encarecer os veículos. É por isso que a venda dos carros usados é quatro vezes maior do que a dos novos, de acordo com a Federação dos Revendedores de Veículos Usados (Fenauto).
Como os carros estão mais caros, é de se esperar que os impostos também sigam o mesmo caminho.
A alíquota do IPVA de São Paulo, por exemplo, é de 4% sobre o valor do veículo. Ainda usando a tabela Fipe do Onix, calculando o preço de R$ 70.915 do modelo 1.0 Flex Manual – o mais simples lançado em 2023 –, o imposto seria de R$ 2.836,60.
Por mais que esteja mais barato do que nos últimos anos, o combustível voltou a subir no segundo trimestre deste ano.
O mês de agosto registrou aumentos de 6,9% e 7,3% na gasolina comum e aditivada, respectivamente. O preço do etanol foi o que mais cresceu, marcando 12%. As informações são da Veloe, hub de mobilidade e gestão de frota, e da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
O levantamento também mostra que esse crescimento impactou o orçamento das pessoas, comprometendo 6,3% da renda familiar.
Para que os gastos não sejam ainda mais significativos para consertar peças quebradas, a manutenção do veículo é essencial.
Troca de óleo e pneus, limpeza nos filtros do motor, calibragem, revisões periódicas, entre outros cuidados, são necessários para estender a vida útil de um carro.
Tudo isso, é claro, custa dinheiro. Dependendo do modelo, região, tipo de serviço e profissional, a conta pode ser salgada.
A grande ocupação dos centros urbanos e o enorme número de veículos nas ruas contribuem para que o trânsito fique cada vez mais carregado.
No dia 23 de março deste ano, São Paulo registrou 1.371 km de lentidão, um recorde histórico. A chuva também contribuiu para o congestionamento.
Igualmente, os perigos das estradas assustam. O Ministério da Saúde afirma que 33.894 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito, com média diária de 92,6.
As opções de transporte são extensas nos dias atuais. Ônibus, metrô e trem são os principais meios de locomoção de boa parte do país. Moradores de grandes cidades, com sistema de transporte mais completo, são particularmente beneficiados.
Viagens de carros e até de moto solicitadas por aplicativo também fazem sucesso. Com valores abaixo das corridas de táxi convencional, essas são alternativas que apresentam mais conforto e rapidez do que o transporte público e menos gastos e responsabilidades do que veículo próprio.
Apesar de todos esses fatores e a mudança da relação entre as pessoas e o carro, muita gente ainda sonha com o próprio veículo. Uma pesquisa da Brain Inteligência Estratégica, feita com 1200 pessoas no final de 2023, apontou que 30% dos entrevistados tinham a intenção de comprar automóveis em 2024.
Ter um carro faz sentido se a realidade de cada um pede por mais praticidade. Famílias com crianças pequenas, idosos ou pessoas com deficiência geralmente precisam de veículos para tornar a locomoção mais fácil e confortável.
Moradores de regiões em que as opções de transporte são mais escassas e trabalhadores que se sustentam atrás de um volante também se encaixam nisso.
Carros geram gastos, que são os principais motivos para a perda de interesse em dirigir. No entanto, essas despesas devem ser colocadas na balança diante das necessidades do dia a dia. Se não ter um veículo saia mais caro por tornar as coisas mais difíceis, talvez esse seja o sinal para considerar comprar um carro próprio.
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HENRIQUE SILVA MORGANI
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