Nascido em Jaú em 9 de setembro de 1945, Antonio Carlos Milano, mais conhecido como Tomires, foi um grande goleiro da história do Comercial. Iniciou sua trajetória no futebol profissional como goleiro do XV de Jaú. Conhecido por não usar as luvas, passava parafina nas mãos e sebo na bola. Depois do XV, jogou no Comercial, foi para o Ituveravense e encerrou a carreira no Ferroviário.
Tomires conta um pouco de sua trajetória, fala sobre futebol atual e conta detalhes da sua vida nos dias de hoje.
Como foi sua trajetória até virar jogador profissional?
Eu nasci em Jaú e como toda criança comecei a jogar bem novo, brincava de futebol na rua, nas quadras da cidade, escola, em campinhos. Mas por volta dos 14 anos, meu pai e uns amigos começaram a jogar futebol de salão em uma quadra, no ginásio Dr. Neves. Na época a bola era feita de crina de cavalo ainda. O time era bom, meu pai resolveu escrever o time no campeonato, na época eu era menor de idade e precisava de autorização no cartório para poder jogar. Fui campeão dois anos seguidos da competição. Depois disso disputei muitos outros campeonatos de salão ainda. Depois de um tempo eu recebi um convite para começar a treinar futebol de campo mesmo. A partir disso é história.
Quem era o goleiro que te inspirava no início?
Quando eu comecei a treinar no campo, o XV de Jaú tinha um goleiro que se chamava Inocêncio Perissinoto, ele que me treinava, na época não tinha treinador de goleiro, então ele fazia essa função. Em um jogo contra a Ponte Preta, lá no Moisés Lucarelli, eu ia entrar no segundo tempo e quando fui entrar, ele tirou a camisa e me disse “vou te dar essa camisa e você vai jogar daqui em diante”. Ele com certeza foi um ídolo para mim.
Qual o melhor jogador que já jogou junto?
Já joguei com vários craques de bola. Quando iniciei pelo XV de Jaú, joguei com o Afonsinho, meia esquerda, que jogou no Flamengo, Santos. Isso ainda no começo da carreira, depois ainda joguei com Carlos César, com o Píter, craques de bola.
Qual o melhor elenco que já jogou?
Essa é fácil, o elenco do Comercial de 67, só tinha craque no time.
Como foi enfrentar o Pelé?
É algo diferente. Uma emoção muito grande. Eu cheguei a enfrentar grandes jogadores, mas encarar o maior do mundo foi uma emoção muito única. O maior do mundo até hoje, não tem igual.
O que acha do futebol atual?
Futebol atual é moderno. Você aperta o dedo na internet e sabe que time vai jogar, onde vai jogar, os jogadores, hoje é tudo mais automático, o jogo, os treinos... Na minha época quem treinava o goleiro era o treinador mesmo, não tinha treinador de goleiros, o treino era os jogadores chutando, batendo a bola no gol. Cada um com sua época, eu não me arrependo de nada, mas hoje eu tenho problema no joelho, que com a modernidade nos treinos, os goleiros que jogam atualmente não terão no futuro.
Mais fácil ser goleiro agora ou na época que você jogou?
Olha, eu acho que é mais fácil agora. Principalmente com essa diferença que eu falei dos treinamentos, tecnologia, de como é o futebol agora. Eu comecei no salão com bola de crina de cavalo.
Acompanha os jogos do bafo?
Lógico. Óbvio. Hoje em dia meu joelho tá me judiando, mas quando eu posso eu vou em todos. É uma das minhas paixões. Estou há anos no Comercial, joguei por 6 anos, trabalhei no poliesportivo do leão por mais de 27 anos.
Qual deve ser o goleiro do Brasil na copa?
Eu gosto do Weverton do Palmeiras. Para mim é o melhor.
Como é encontrar os torcedores do comercial que te viram jogar?
É uma coisa maravilhosa, não tem dinheiro que pague. O pessoal vem me visitar em casa, conversar, saber de histórias, contar memórias, me apresentar para os mais novos da família, contar e mostrar quem eu fui. É um carinho muito grande, tenho a maior satisfação.
Melhor goleiro da história?
Para mim o melhor foi o Gylmar do Santos Neves, depois o Perissinoto e o terceiro o Leão. Tem muitos excelentes goleiros na história, mas para mim esses são os melhores.
