Eles são fofos, pequenos e indefesos e muitas pessoas não sabem exatamente o que esperar quando os bebês chegam. Os recém-nascidos podem ser desafiadores para os pais de primeira viagem, mas não só para eles. Não por acaso a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem uma série de guias disponíveis on-line sobre os muitos cuidados necessários com os pequenos. Não é preciso, no entanto, entrar em pânico, afinal, bebês sempre existiram e a sociedade evoluiu o bastante para aprender com eles a evitar erros que podem colocar suas vidas ou segurança em risco.
De acordo com a neonatologista e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo Gislayne Souza Nieto, “informar-se sobre práticas seguras de manejo dos recém-nascidos é uma boa maneira de se preparar para a chegada deles”. Ouvir a voz da experiência - e, principalmente, da ciência, nesse caso - garante um ambiente inicial mais seguro e acolhedor. A especialista pontua seis erros comuns que as pessoas ainda cometem com recém-nascidos e como você pode evitá-los.
Sim, eles parecem muito vulneráveis e seu primeiro instinto pode ser protegê-los com o maior número de camadas possível. Mas atenção: colocar muitas roupas no bebê não é indicado. “O número ideal é o mesmo que os pais estão usando mais um. Assim, se a mãe estiver com uma calça e uma camiseta, o bebê ficará bem usando calça, camiseta e jaqueta, por exemplo. Não é preciso - e pode ser perigoso - superaquecer os pequenos”, diz Gislayne. O mesmo vale para exposição ao sol, lareiras e aquecedores.
Jogos de berço costumam ser lindos, mas tente resistir ao impulso de comprá-los - a menos que você os retire do berço antes de colocar a criança nele. Qualquer item solto dentro do berço é um risco em potencial para o bebê, porque ele pode puxá-los para o rosto e sufocar. “Nem mesmo os cobertores são indicados antes que a criança aprenda pelo menos a rolar. Em vez disso, dê preferência a sacos de dormir, que funcionam como uma camada a mais de roupa para proteger do frio das madrugadas”, aconselha.
Um recém-nascido exige muitas horas de vigília, o que deixa as mães exaustas. Além disso, hormônios ligados à amamentação, como a prolactina, podem fazer com que elas fiquem ainda mais sonolentas durante a amamentação. Mas é muito importante que as mulheres evitem dormir enquanto amamentam porque isso pode trazer o risco de derrubar o bebê. “Tente encontrar uma posição confortável, de preferência em uma superfície segura, como uma poltrona de amamentação. As almofadas de amamentação também ajudam a reduzir o risco de queda nesses momentos”, pontua a neonatologista.
Não importa quão bonzinho seu bebê seja, nunca o deixe sozinho. Essa dica é ainda mais importante em momentos cruciais, como o banho ou a troca de fraldas. No primeiro caso, o risco de afogamento é muito sério e, no segundo, o risco de queda é que é o problema. “Muitos pais só descobrem que o bebê sabe rolar quando ele rola para fora do trocador, por exemplo. Estar o tempo todo por perto, garantindo a segurança e o conforto do bebê, é fundamental para que ele cresça com saúde.”
Pessoas mais velhas podem te aconselhar a “deixar o bebê chorando” para não torná-lo dependente dos pais. Essa é uma crença antiga e ultrapassada. A recomendação atual é de que nunca se deixe um bebê chorar de propósito. “Bebês não sabem se autorregular emocionalmente e não sabem ‘fazer manha’, como muitas pessoas ainda acreditam. Deixá-los chorar pode causar muito estresse nos pequenos, o que não é saudável.”
“O filho da minha amiga dorme a noite toda”, “meu pai comentou que eu também não comia”, “Fulano já sabe engatinhar” — o universo de comparações às quais um bebê pode ser submetido é infinito. Mas cada criança é uma criança e esse tipo de comentário não vai fazer com que seu filho se desenvolva mais rápido, apenas trazer frustração para ele e para você mesmo. O mesmo vale para comparações entre sua maneira de educar e as dos outros. “Embora o bebê precise atingir alguns marcos de desenvolvimento, cada um deles faz isso em um ritmo diferente e os pais precisam estar preparados para lidar com essa ansiedade. Procure seguir as orientações do pediatra do seu bebê e só se preocupe se ele sinalizar que algo pode não estar bem. Do contrário, aproveite o tempo com seu pequeno, porque ele passa muito rápido”, complementa Gislayne.