06/12/2024 às 15h49min - Atualizada em 06/12/2024 às 15h49min

UFSCar participa de ações para a produção e difusão da ciência com acessibilidade

Prof. Leonardo (à esq.) com pesquisadores em evento do SciELO 25 anos (Foto: Carla Formanek)

Quais estratégias podem tornar os conteúdos científicos digitais mais acessíveis do ponto de vista informacional e comunicacional? Essa foi a questão central do SciELO - a maior biblioteca científica online - ao instituir, em 2020, o Grupo de Trabalho Interdisciplinar SciELO Acessibilidade [link externo: www.scielo.br/about/gt-acessibilidade], em cooperação com o Grupo de Pesquisa Identidades, Deficiências, Educação e Acessibilidade (GP-Idea) da Universidade Federal de são Carlos (UFSCar).

 

A ideia teve início no dia 2 de maio de 2020, a partir de uma mensagem de e-mail de uma mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs) da UFSCar com deficiência visual enviada ao professor Leonardo Santos Amâncio Cabral, coordenador do GP-Idea, vinculado ao Programa. Na mensagem, Luisa de Souza Leão Almeida relatou: "Reparei que grande parte dos artigos, inclusive aqueles que discutem temas relacionados à inclusão, têm gráficos e tabelas em formato de imagem, ou seja, não acessíveis. Fiquei refletindo que, na universidade, acabamos fazendo a transposição de diversos materiais para formatos acessíveis. Precisávamos, enquanto coletividade, começar a produzir materiais acessíveis desde o início." 

 

Foi a partir dessa mensagem que o GP-IDEA entrou em contato com a presidência do SciELO. "Pedindo autorização a ela", contou o professor da UFSCar, "compartilhei sua (nossa) inquietação com o presidente do SciELO, Abel Packer, que prontamente se abriu ao diálogo para a demanda. Desde então, o grupo foi oficialmente instituído, atendendo hoje pelo nome SciELO Acessibilidade".

 

Após a formação do GTI SciELO Acessibilidade, as demandas dos usuários em relação à acessibilidade na plataforma foram relatadas no primeiro comunicado do SciELO Acessibilidade de 2020 [link externo: https://blog.scielo.org/blog/2020/08/07/rede-scielo-e-acessibilidade]: "Nossos usuários com deficiências e/ou idosos, têm indicado algumas inadequações tecnológicas nas configurações de leiaute dos sites, das coleções e dos periódicos da rede e dos campos de busca em: suas disposições, formatos de arquivo (figuras, gráficos, tabelas), tipos e tamanho das fontes e, até mesmo, nas estruturas dos textos acadêmico-científicos."

 

Um dos frutos foi o novo site, mais acessível, do SciELO Brasil - link externo: www.scielo.br -, que entrou no ar no dia 4 de dezembro, "sem dúvida, um salto gigantesco na história do SciELO", segundo os organizadores da nova plataforma.

 

Quem se beneficia?

De acordo com Leonardo Cabral, todos se beneficiam com essas políticas e produtos acessíveis. "Não se trata apenas de acessibilidade para pessoas com deficiência. Estamos falando de populações constituídas por pessoas idosas, com diferenças linguísticas e níveis diversos de letramento digital e funcional que impactam diretamente no acesso à informação e, consequentemente, na garantia de sua cidadania".

 

Para ele, "o compromisso com a democratização do conhecimento comunicado com acessibilidade por meio de periódicos científicos é um direito constitucional de acesso à informação e comunicação previsto nacionalmente, com respaldo internacional". "Defendemos que a ciência seja desenvolvida para o avanço das diversas realidades das sociedades", comenta o professor da UFSCar. "Assim, o ideal é que todas as pessoas da sociedade possam compreender a aplicabilidade dos avanços da ciência em suas respectivas realidades diárias".

 

Para que isso ocorra, segundo ele, é importante que essas ações dialoguem com os preceitos da "Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência" (Unesco, 2006 - link externo: https://bit.ly/49inZ5U -), o "Tratado de Marrakesh" (Unesco, 2013, link externo: www.wipo.int/dc2013/en), a "Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável" (ONU, 2015, link externo: https://brasil.un.org/pt-br) e os parâmetros determinados pela "Web Accessibility Initiative" (WAI/W3C, link externo: https://www.w3.org/WAI).

 

Reuniões e ampliação de parcerias

De maio de 2020 a 2024, o grupo de trabalho se reuniu, a cada quinze dias, ininterruptamente, em reuniões online, às segundas-feiras, das 10 às 11 horas.

 

Para o quadriênio 2025-2028, o compromisso coletivo foi oficialmente reafirmado por meio da Declaração em Apoio à Ciência Aberta com IDEIA Impacto, Diversidade, Equidade, Inclusão e Acessibilidade (link externo: https://25.scielo.org/declaracao-ideia).

 

Além disso, a parceria foi ampliada: "de 2020 a 2023, as ações eram implantadas apenas pelo SciELO e pelo GP-Idea/UFSCar. Em 2024, em decorrência do evento SciELO 25 Anos, realizado em setembro de 2023, ampliamos a equipe e já estamos colhendo excelentes resultados na perspectiva da interdisciplinaridade e interinstitucionalidade", conta o professor da UFSCar. 

 

Confira os integrantes do GTI SciELO Acessibilidade (link externo: www.scielo.br/about/gt-acessibilidade).

 

Avanços

Além do lançamento do site do SciELO, mais acessível, entre os avanços para o primeiro quadriênio (2020-2024), com base em recomendações e normativas nacionais e internacionais, foram priorizadas as seguintes ações:

 

- Melhorias de acessibilidade no site SciELO Brasil: identificação e correção de barreiras de navegabilidade e usabilidade do site da Coleção SciELO Brasil, com a participação direta de pessoas com deficiência visual usuárias de leitores de tela;

 

- Ações de sensibilização e promoção da acessibilidade informacional: participação em eventos, organização e realização de encontros com as comunidades científicas e editores de periódicos;

 

- Estabelecimento de parcerias: estratégias e ações de cooperação com editores de periódicos científicos, diagramadores, profissionais da área de ciências da computação, da informação e da comunicação para promover a acessibilidade para pessoas com deficiência visual.

 

A íntegra dessas ações pode ser acessada nos "Links Externos" disponibilizados no final da matéria.

 

Sobre o GP-Idea/UFSCar

Constituído em 2017 e reconhecido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Grupo de Pesquisa Identidades, Deficiências, Educação e Acessibilidade da (GP-Idea) é um dos grupos de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs/UFSCar). Atua presencialmente no Laboratório de Estudos sobre Deficiência e Educação (LEDE), no Edifício Carolina Bori, localizado na área Sul do Campus São Carlos da UFSCar. 

 

Os projetos de pesquisa do GP-IDEA têm predominantemente um caráter de Pesquisa Social Aplicada, com aspectos teóricos e práticos de ações afirmativas, tendo como premissas contemporâneas a acessibilidade informacional, comunicacional e tecnológica para a compreensão e aplicação dos direitos humanos. 

 

No âmbito das pesquisas do grupo, a Educação Superior tem sido o contexto principal de investigação para se identificar, desenvolver, analisar e/ou aprimorar:

- a acessibilidade de websites e sistemas da universidade, de documentos oficiais (editais de ingresso, etc.), de políticas editoriais (revistas científicas e editoras), de espaços culturais (museus), de eventos científicos (ex: Congresso Brasileiro de Educação Especial); 

- a transição de pessoas com deficiência da Educação Básica e da Educação Superior; 

- a acessibilidade nos Programas de Pós-Graduação (ingresso, permanência, titulação) e

- a transição das pessoas com deficiência para o mercado de trabalho 

 

Saiba mais no site do GP-Idea (link externo: www.idea.ufscar.br/apresentacao/o-gp-idea).

 


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