Vícios modernos e saúde mental: simpósio no Recreio propõe novo olhar sobre a dependência química no Brasil
ERICA MATOS
29/05/2025 21h27 - Atualizado há 1 dia
Divulgação
O uso de vapes entre adolescentes, o consumo de álcool mascarado por tendências digitais, o avanço silencioso de medicamentos controlados e a crescente normalização do uso recreativo da cannabis compõem o cenário de uma dependência química contemporânea mais sofisticada e socialmente aceita. Essa epidemia, muitas vezes invisível e disfarçada de estilo de vida, tem provocado efeitos diretos em escolas, famílias, empresas e instituições religiosas — exigindo uma resposta ampla e qualificada da sociedade.
Diante dessa realidade, será realizado no próximo dia 31 de maio, na Tenda Viva – Igreja do Recreio, o 2o Simpósio de Dependência Química – Conhecimento que Gera Transformação. Organizado pelo Centro de Cuidado Humano (CCH), o evento é bienal e ocorre no mês de aniversário da instituição, como parte de sua missão de compartilhar conhecimento relevante na prevenção e no tratamento dos transtornos por uso de substâncias.
Com sete palestras temáticas, mesa redonda de trocas e estandes informativos, o simpósio vai reunir especialistas de referência nacional para lançar luz sobre os desafios e as possibilidades de enfrentamento da dependência química no Brasil. O evento é voltado tanto para profissionais da saúde mental quanto para familiares, educadores, líderes religiosos, empresários e o público em geral.
A Coordenadora do Centro de Cuidado Humano, Roberta Portela, uma das organizadoras do encontro, destaca que o simpósio busca provocar impacto por meio do conhecimento aplicado. Segundo ela, a proposta é alcançar diferentes segmentos sociais — da escola ao ambiente corporativo, da igreja à vida doméstica — com temas atuais e relevantes para a sociedade contemporânea. “As mesas de trocas proporcionarão o compartilhamento de dúvidas, debates técnicos e clareza em diversas questões, que muitas vezes são silenciadas em ambientes públicos e políticos”, explica Roberta.
O evento também representa o fortalecimento de uma iniciativa que, mesmo sem investimentos governamentais, mantém-se ativa e isenta na missão de restaurar vidas. “O Centro de Cuidado Humano é fruto da consciência de um grupo que acredita na transformação por meio da informação e do cuidado ético”, reforça a coordenadora.
Temas e programação No turno da manhã, a assistente social Andresa Gouveia, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-RJ e docente de cursos de pós-graduação na área de dependência, abre o simpósio com a palestra “Percepções de risco no uso da cannabis – discutindo a legalização”, abordando os impactos sociais e clínicos da flexibilização do consumo e os desafios das políticas públicas nesse campo.
Em seguida, o psicólogo Luiz Guilherme da Rocha Pinto, professor da PUC-Rio e mestre pela Universidad de Deusto (Espanha), apresenta a palestra “Prevenção e Tratamento do uso de álcool e outras drogas”, explorando estratégias baseadas em evidências e alternativas terapêuticas para um problema crônico de saúde pública.
Fechando a manhã, o psicólogo Alexandre Brito, fundador do COMAD/Niterói e referência em políticas públicas sobre drogas, trata do tema “Riscos para adolescentes e jovens no uso de substâncias”, com foco especial no uso crescente de vape, que tem seduzido jovens e adolescentes por sua estética e acessibilidade.
Durante a tarde, o simpósio segue com a palestra “Comunidades terapêuticas, valoração da dignidade humana e novas diretrizes na legislação”, apresentada pelo especialista em dependência química e teólogo Nelson Massambani, que também integra o Conselho Administrativo da Cruz Azul no Brasil. Ele trará um panorama atualizado sobre a legislação vigente e o papel das comunidades terapêuticas no acolhimento e na reinserção social.
Na sequência, a psicóloga Selene Franco Barreto, presidente da ABEAD e uma das mais respeitadas especialistas do país na área de prevenção ao uso de substâncias, conduz o painel “Recortes por gênero no tratamento e uso de substâncias”, propondo uma análise técnica sobre os impactos da dependência em diferentes públicos, com foco em equidade no tratamento.
Já a psicóloga Ana Paula Café, fundadora do Núcleo Integrado e com atuação em projetos da SENAD e Ministério da Defesa, apresenta a palestra “Saúde mental e TUS no ambiente de trabalho”, abordando como o estresse ocupacional e a cultura da produtividade têm favorecido o uso de substâncias em contextos profissionais.
Encerrando a programação, a pedagoga e teóloga Christiane Roswitha Massambani, autora e fundadora do movimento Caminhada de Restauração, assume a palestra “Família e Transformação – superando a dependência química através do conhecimento”, promovendo uma reflexão sensível e estruturada sobre o papel do núcleo familiar no processo de recuperação.
Conexão entre vozes, vivências e caminhos de cura O simpósio se diferencia não apenas pela qualidade técnica dos palestrantes, mas por seu ambiente plural e acolhedor. A mesa redonda de encerramento funcionará como espaço de escuta, troca e articulação entre participantes e especialistas. A proposta é que o público possa esclarecer dúvidas, compartilhar experiências e ampliar sua compreensão sobre os aspectos multifatoriais da dependência química — que envolvem saúde, família, fé, legislação, educação e cidadania.
Além das palestras, os participantes terão acesso a estandes de projetos sociais, iniciativas de tratamento e materiais educativos, ampliando o contato com redes de apoio e instrumentos práticos de intervenção e prevenção.
Serviço 2º Simpósio de Dependência Química – Conhecimento que Gera Transformação
Data: Sábado, 31 de maio de 2025
Horário: Das 8h30 às 18h30
Local: Tenda Viva – Igreja do Recreio (Rua Helena Manela, 101 – acesso pela Av. das Américas, 15.960)
Programação: 7 palestras, mesa redonda e estandes de conteúdo
Valor da inscrição: R$ 78,00
Inscrições: https://www.e-inscricao.com/igrejadorecreio/simposio25dq
Informações: WhatsApp (21) 98778-9847 Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
Erica Matos
[email protected]