Violência entre casais famosos: casos reais que ajudaram a mudar a lei no mundo

Rihanna e Chris Brown, Mel B e Wanda Taddei estão entre os nomes que transformaram dor em mudanças jurídicas com impacto internacional

REDAÇÃO
10/06/2025 17h34 - Atualizado há 1 dia
Violência entre casais famosos: casos reais que ajudaram a mudar a lei no mundo
DIVULGAÇÃO
Casos de violência doméstica envolvendo celebridades frequentemente ocupam as manchetes. Mas, em alguns episódios, a repercussão foi além do escândalo: transformou-se em pressão social e resultou em mudanças legais concretas, com efeitos duradouros na forma como o sistema de Justiça trata a violência de gênero.

Para o advogado criminalista Davi Gebara, que atua em casos de violência doméstica e de gênero, quando o assunto atinge figuras públicas, a comoção se torna um catalisador de mudança. “Esses casos expõem o que milhões vivem em silêncio. Quando uma vítima conhecida fala ou é ouvida, o sistema é pressionado a reagir. A Justiça costuma avançar não por sensibilidade, mas por urgência política e social”, afirma.

Um dos casos mais marcantes ocorreu em 2009, quando a cantora Rihanna denunciou o então namorado Chris Brown por agressão. As imagens de seu rosto machucado circularam pelo mundo, gerando indignação internacional. Chris Brown foi processado por agressão grave (felony assault), declarou-se culpado e foi sentenciado a cinco anos de liberdade condicional, além de trabalhos comunitários e aconselhamento. O episódio impulsionou campanhas globais de conscientização sobre abuso em relacionamentos jovens e o papel da mídia na responsabilização pública.

No Reino Unido, a cantora Mel B, ex-integrante das Spice Girls, tornou pública, anos depois, sua experiência de violência emocional e física durante o casamento. Seu relato contribuiu para ampliar o debate sobre o chamado “controle coercitivo” — padrão de abuso psicológico e isolamento que muitas vezes não deixa marcas visíveis, mas tem efeitos profundos. Em 2015, o Reino Unido sancionou o Serious Crime Act, que passou a criminalizar esse tipo de comportamento. A nova legislação foi vista como marco na ampliação da proteção legal às vítimas.

Na Argentina, o assassinato de Wanda Taddei, em 2010, chocou o país. Queimada viva pelo marido, um músico conhecido localmente, Wanda teve seu nome associado à mudança legislativa mais dura já feita no país contra o feminicídio. A comoção pública levou o Congresso a incluir no Código Penal um agravante específico para homicídios de mulheres cometidos com crueldade extrema por motivos de gênero.

No Brasil, o caso mais emblemático segue sendo o de Maria da Penha. Alvo de duas tentativas de feminicídio por parte do então marido, em 1983 e 1984, ela enfrentou uma batalha judicial que durou 19 anos. O caso foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que condenou o Estado brasileiro por omissão. A repercussão internacional levou à criação da Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, referência mundial no enfrentamento à violência doméstica.

Para Davi Gebara, embora mudanças legais representem avanços significativos, elas só produzem efeito real quando vêm acompanhadas de políticas públicas, formação de profissionais e redes de acolhimento. “As leis mudam, mas a cultura só muda quando a sociedade inteira se responsabiliza. Casos públicos têm um papel simbólico enorme, mas a transformação concreta acontece quando a mulher anônima também se sente protegida para denunciar e reconstruir sua vida.”

O que esses episódios mostram é que, mesmo em contextos de dor extrema, há possibilidade de ruptura — e de avanço. A cada história que vem à tona, o debate público se fortalece, e com ele, a construção de uma legislação mais justa, mais atenta e menos tolerante com a violência de gênero.

Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
ISADORA FERREIRA FABRIS
[email protected]


Notícias Relacionadas »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? Fale conosco pelo Whatsapp