Dia do Cliente lembra avanços e desafios nas relações de consumo no Brasil
Mesmo com um dos códigos mais avançados do mundo, o Brasil ainda convive com abusos contra clientes. A data de 15 de setembro expõe contradições entre direitos garantidos e a prática do mercado. Especialistas defendem educação, transparência e maior fiscalização para equilibrar essa relação
QU4TRO COMUNICAÇÃO
15/09/2025 14h49 - Atualizado há 5 horas
Valter Campanato/Agência Brasil
O Dia do Cliente, celebrado em 15 de setembro, não deve ser reduzido a slogans publicitários nem a promoções ocasionais. A data impõe uma reflexão madura sobre a relação desigual entre empresas e cidadãos em um mercado marcado por práticas abusivas, contratos obscuros e um sistema de proteção que, embora avançado na teoria, ainda se mostra frágil na prática. Mais do que celebrar conquistas, este é um momento para reconhecer as falhas persistentes e discutir como assegurar respeito e dignidade a quem sustenta a economia com seu poder de compra.
A importância da data
Para o advogado Renato Rocha, fundador do projeto Justiça Para Todos, a data deve servir como um momento de reflexão coletiva.
“O Dia do Cliente não pode ser reduzido a campanhas promocionais. Ele deve ser um lembrete de que cada cidadão merece respeito, transparência e atendimento digno. O cliente é a razão de existir da economia, e não pode ser tratado como detalhe”, afirmou.
Rocha alerta que ainda há muito a ser feito. “Produtos defeituosos, contratos abusivos e serviços de baixa qualidade continuam sendo práticas comuns. É preciso que o Estado fortaleça a fiscalização, mas também invista em educação para o consumo. Só assim criaremos uma cultura que respeite de fato o consumidor”, completou.
O avanço do comércio digital trouxe conveniência, mas também novos problemas. Golpes virtuais, atrasos de entrega e políticas de devolução confusas se tornaram reclamações recorrentes. Para especialistas, o e-commerce exige atualização constante da legislação e de órgãos de fiscalização preparados para lidar com esse cenário.
Outro desafio relevante é o alto nível de endividamento das famílias brasileiras. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), mais de 70% das famílias têm algum tipo de dívida. Muitas delas resultam de crédito fácil, associado à falta de informações claras ou de educação financeira. Proteger o cliente, nesse contexto, também significa garantir transparência nas taxas, renegociações acessíveis e orientação para o uso consciente do crédito.
Dicas e caminhos para o futuro
Além da atuação do poder público, especialistas recomendam que os consumidores adotem alguns cuidados. Ler atentamente contratos antes da assinatura, desconfiar de ofertas muito vantajosas, guardar comprovantes e priorizar canais oficiais de atendimento são medidas básicas. Também é fundamental recorrer a órgãos de defesa, como o Procon, sempre que houver violação de direitos.
O Dia do Cliente, portanto, não se limita à celebração. Ele é um convite para que sociedade, empresas e governo avancem na construção de um mercado mais equilibrado. Como resume Renato Rocha, “valorizar o cliente é valorizar a dignidade humana. A economia deve servir às pessoas, não o contrário”.
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ANA KAROLLINE ANSELMO RODRIGUES
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