Em todo o Brasil, casos de feminicídio chocam a população. Com o crescimento das redes sociais, o tema tem ganhado amplitude. Mas os reflexos desses assassinatos superam a leitura, muitas vezes superficial da sociedade.
Somente no primeiro semestre de 2022, foram mais de 31 mil denúncias de violência doméstica ou familiar contra as mulheres, registradas na Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. São Paulo é o Estado com mais ocorrências, seguido por Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Muitas vezes, o crime termina da pior maneira possível – com vidas ceifadas e famílias inteiras destruídas.
Mas quais os reflexos disso?
Quando uma mulher morre vítima de feminicídio, a família, sobretudo filhos e pais da mesma, ficam desolados por várias razões. Um dos motivos é o fato de a mulher ser o pilar daquele grupo familiar; o outro é porque o assassino é membro daquela família. Assim sendo, as crianças estão sujeitas a ficarem marcadas para sempre, e terão dificuldades para prosseguirem nos diferentes âmbitos, seja no tocante a educação, vida social, saúde mental e outros. Além disso, o impacto emocional da ruptura familiar pode causar inúmeras sequelas nas crianças, através do desenvolvimento de síndromes variadas. Afinal, não é nada fácil. A perda de um genitor, por si só, já é um processo difícil. Quando esse luto vem associado a uma situação de violência, cometida por alguém que também é próximo, é um duplo luto.
O que a sociedade faz para diminuir casos?
Decidir por denunciar o agressor pode ser muito mais complexo para uma mulher do que podemos imaginar, pois, muitas vezes, elas tendem a colocar os interesses da família em primeiro lugar, deixando-as segundo plano. Intimamente, muitas vezes a vítima carrega a expectativa de que o agressor vai mudar e que ela poderá reverter a situação sem precisar denunciá-lo. O problema é que muitas vezes o agressor não muda, e a vítima não consegue sair do ciclo de violência a tempo. Quando isso acontece, a mulher pode acabar morta pelo agressor.
Segundo Márcia Pieri, advogada e coordenadora geral do Programa De Mãos Estendidas, todos nós somos responsáveis pelo cenário, contudo, as pessoas não tem levado o problema com a seriedade que deveria. - “As políticas públicas caminham a passos lentos. Quando não, temos que lidar com a falta de estrutura e de pessoal qualificado para atendimento às ocorrências. Porém, percebo que todos nós podemos fazer um pouco, sem depender tanto dos governantes”, explicou.
De acordo com ela, é importante que a sociedade se atente aos sinais de que algo possa estar errado, denunciando em caso de gritos e choros próximos.
- “É preciso estar atento. Se uma vizinha chora, se uma colega no trabalho dá sinais de ter sido agredida, é preciso que as pessoas denunciem. Ligar 190 e pedir anonimato, pode significar a preservação de uma ou mais vidas, além de evitar a destruição de uma família inteira”, ressaltou.
Redes de Proteção
É preciso entender que, além da Polícia, que atua no ato das ocorrências, em todo o Brasil, existe ampla rede de proteção – sobretudo formada pela filantropia - que lida com os traumas criados, buscando permitir que tanto a mulher vitimada, quanto a família, se recuperem. E o Terceiro Setor, neste sentido, atua de forma impecável, buscando atenuar sofrimentos que poderiam ser evitados. O Programa De Mãos Estendidas conhece bem esse universo de traumas e de dor, pois atua protegendo e amparando mulheres há vários anos. - “As pessoas precisam saber que violência doméstica vai muito além da violência apenas física. No PME (Programa De Mãos Estendidas), lidamos com casos de violência física, sexual, psicológica, moral e patrimonial. São casos graves que precisamos encarar de frente. Quando não é possível evitar, é preciso reparar os danos e permitir que as mulheres recomecem. E neste sentido, apesar de 70% das mulheres vítimas de violência nunca terem passado pela rede de proteção, já conseguimos ajudar pessoas a darem a volta por cima. Por isso é tão importante que as pessoas ajudem a manter essas entidades que oferecem saída para as mulheres”, ressaltou Márcia Pieri, coordenadora geral do PME.
Para denunciar casos de violência contra mulher: Polícia Militar: 190 / 180 / Whatsapp: 61 – 99656-5008
Fortaleça o Programa de Mãos Estendidas:
Bradesco Agência 2401-5 Conta corrente 21.576-7 CNPJ 11.891.829/0001-48