26/06/2023 às 16h00min - Atualizada em 26/06/2023 às 16h00min

Entenda por que a economia brasileira tem dado sinais de melhora

Freepik
Os últimos dias têm sido de boas notícias no campo econômico: dólar na cotação mais baixa em mais de um ano, juros futuros caindo, bolsa com bons resultados, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) surpreendendo analistas e desemprego em baixa.
 

Na opinião do professor e coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), o Brasil o deve aproveitar bons ventos nos próximos meses, com perspectivas de queda nas taxas de juros internas, possível desvalorização internacional do dólar e retomada do crescimento.
 

"No início do ano houve um certo pessimismo exagerado e generalizado do mercado com as perspectivas da economia brasileira sob um novo governo Lula. A resposta com o arcabouço fiscal surpreendeu a todos positivamente e explica parte dessa melhoria na economia", opina El Khatib.
 

Mas afinal de conta, o que contribuiu para os bons resultados da economia brasileira?
 

DÓLAR EM QUEDA
Segundo o docente, os principais fatores para a valorização do real frente ao dólar são a percepção de redução do risco fiscal, a desaceleração inflacionária mundo afora, além de uma provável pausa no aperto monetário nos Estados Unidos.

 

"A taxa Selic em 13,75% tem impulsionado a entrada de capital estrangeiro, atraído pelos altos rendimentos da renda fixa. Com mais dólares chegando ao país, a maior oferta da moeda americana joga a cotação para baixo frente ao real. Entretanto, vale ressaltar que os cortes na taxa Selic, provavelmente no segundo semestre de 2023, podem levar a uma fuga de capital e, consequentemente, à valorização do dólar em relação ao real, fazendo com que a cotação aumente", pontua.
 

INFLAÇÃO EM QUEDA
Ahmed explica que a queda no preço das commodities (bens primários com cotação internacional) tem contribuído para segurar a inflação. Somado a isso, a política de aumento da Selic nos últimos meses começa a surtir algum efeito.

 

"Acredito que esse movimento continue nos próximos meses com, inclusive, redução na taxa de juros a partir do segundo semestre de 2023, entre agosto e setembro. Para a próxima reunião de junho, acredito que o Banco Central deixará a taxa básica de juros inalterada".
 

PIB VAI CRESCER?

Ahmed acrescenta que contribuíram positivamente para a melhora das expectativas sobre o PIB deste ano o salto de 1,9% da economia no primeiro trimestre, puxado pelo crescimento de 21,6% da agropecuária, a maior alta em quase três décadas, sendo beneficiado de uma boa safra e de uma alta no preço das commodities. Mas o financista afirma que é preciso ter os pés no chão.


"Ainda não temos certeza sobre a efetividade da política econômica do novo governo, sobretudo em relação a estímulos e incentivos ao consumo, como no caso da indústria automobilística. O novo arcabouço fiscal do governo federal é relativamente ousado, mas ainda é cedo para afirmar que a nova regra vai melhorar as contas públicas nos médio e longo prazos, sobretudo pelo fato de que seu sucesso dependerá, em última instância, da atividade econômica".
 

O futuro do PIB também depende de esforços doméstico, como a reforma tributária, que promete ser a grande agenda do governo Lula no Congresso para os próximos meses. Já quando se pensa em fatores externos, existe o temor de ventos ruins do exterior, com os Estados Unidos podendo entrar em recessão.
 

"Os juros e a inflação nos países industrializados seguem em alta. Uma crise no exterior poderia impactar o crescimento do Brasil e nossa atual euforia econômica se tornar apenas uma brisa momentânea", acrescenta.
 

DÍVIDA PÚBLICA SEGUE ALTA
Segundo Ahmed, o principal problema histórico da economia do país tem sido a alta dívida pública brasileira. O alto endividamento levanta dúvidas sobre a capacidade futura de o governo honrar seus compromissos, o que traz consequências para todo o ambiente econômico: as taxas de juros sobem (por conta dos riscos maiores nos empréstimos) e a expectativa de inflação dispara (já que a forma mais fácil de o governo honrar suas dívidas seria expandindo a quantidade de moeda na economia, o que gera inflação). Como consequência, o ambiente econômico fica comprometido, frustrando as expectativas positivas de crescimento, renda e emprego.

 

"Para se ter uma ideia, o endividamento do PIB brasileiro está hoje em 73% do Produto Interno Bruto e acredito que, caso não tenhamos reformas estruturantes, esse percentual pode subir por causa de medidas que eventualmente possam ser tomadas pelo governo. Por essa razão, tanta ênfase é dada para a arrecadação com impostos e despesas com gastos do governo — nos anos em que o governo tem arrecadação maior do que as suas despesas (superávit fiscal), a trajetória da dívida brasileira cai", exemplifica.
 

O professor finaliza lembrado que os setores de serviços e indústria permaneceram relativamente estagnados, despertando dúvidas sobre a robustez do crescimento do Brasil nos próximos meses. Portanto, apesar dos fortes ventos favoráveis, isso talvez não seja suficiente para resolver os problemas da economia brasileira de forma sustentável.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://avozderibeirao.com.br/.
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? Fale conosco pelo Whatsapp