Gabriel Antônio e Luara Silva, estudantes do Grau Técnico de Ribeirão Preto
Todos os anos, no dia 28 de junho, é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, uma importante data para relembrar as conquistas da comunidade e continuar a luta por seus direitos. Apesar de todos os avanços obtidos nos últimos anos, você sabia que a evasão escolar de pessoas LGBTQIAPN+ tende a ser maior do que a de pessoas cisgênero e heterossexuais?
Um relatório divulgado pela ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) revelou que 60% dos estudantes já se sentiram inseguros na escola devido a sua orientação sexual, enquanto 43% sentiram insegurança por conta de sua identidade ou expressão de gênero. Por fim, o relatório concluiu que estes estudantes tinham duas vezes mais chances de faltar à escola quando sofriam agressões mais severas.
Embora o preconceito e a discriminação ainda façam parte da vida dessas pessoas, os estudantes do curso técnico de enfermagem do Grau Técnico de Ribeirão Preto, Gabriel Henrique Antônio e Luara Dallyla dos Santos Silva, não desistiram dos estudos e hoje buscam concluir sua formação profissional. “A equipe do Grau Técnico é muito acolhedora e todos os dias aprendo coisas novas aqui. Gostaria de ser cuidadora de idosos e acredito que o conhecimento do curso técnico de enfermagem vai me ajudar a ingressar nessa área. Meu conselho para quem pensa em desistir de estudar por conta do preconceito é persistir. Sei que é difícil viver em uma sociedade preconceituosa, mas continue! O que importa é a sua formação”, afirma a aluna da unidade Luara Silva, mulher ribeirão-pretana transexual de 20 anos.
Segundo a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), em 2020, apenas 13,9% das mulheres trans e travestis trabalhavam em empregos formais. Mas conseguir um emprego não é a única preocupação de mulheres como a Luara, afinal, o Brasil é o país que mais mata mulheres transexuais e travestis no mundo há 13 anos consecutivos.
Para Thiago Guimarães, gestor da unidade Grau Técnico de Ribeirão Preto, ajudar pessoas a realizarem o sonho de ter uma formação é parte do propósito da escola, que se torna ainda mais impactante quando atinge grupos mais vulneráveis à violência e exclusão social. “Sabemos que pessoas LGBTQIAPN+ sofrem com a constante falta de respeito e empatia de uma sociedade que ainda é muito ignorante sobre diversidade sexual e de gênero. Como educadores, nosso papel é receber bem todas as pessoas que desejam estudar, respeitando suas formas de ser e de se expressar. É assim que colaboramos para a construção de um país mais justo e menos desigual”, pontua.
Outro aluno que merece destaque é o ribeirão-pretano Gabriel Antônio, um homem gay de 26 anos. Ele descobriu que queria trabalhar na área da saúde durante a pandemia e, atualmente, trabalha em uma farmácia. “Meu período escolar foi muito complicado, porque sofri preconceito desde criança. Depois do ensino médio, só voltei a estudar alguns anos depois, quando ingressei em enfermagem no Grau Técnico e, para mim, isso foi parte de um longo processo de cura. Passei por muitos traumas, mas aqui tanto os colegas quanto os professores me entendem e me respeitam. Finalmente, pude viver em um ambiente escolar onde posso ser eu mesmo, sem ser julgado ou tratado de forma pejorativa por ser um homem gay. Para quem pensa em desistir dos estudos, recomendo buscar uma rede de apoio para não abandonar o ambiente escolar”, finaliza o estudante.