No caso do sexo masculino, as doenças vasculares periféricas (exceto coração e cérebro) mais frequentes são as varizes dos membros inferiores, que afetam até 56% dos homens, além das doenças arteriais, como aneurismas (especialmente o da aorta, que atinge entre 4% a 8% dos homens acima dos 50 anos) e a doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), que tem sua frequência progressivamente aumentada quanto maior a faixa etária, chegando a quase 20% dos homens acima dos 86 anos de idade.
Os sintomas das doenças vasculares variam bastante. As varizes normalmente não apresentam quaisquer sinais, mas podem provocar, nos casos mais graves e avançados, feridas na perna recorrentes, de difícil cicatrização. Em alguns casos, o indivíduo tem inchaço e desconforto nas pernas mais intensos ao final do dia, mas que melhoram ao caminhar ou deitar. Para as doenças venosas, o avançar da idade, o sedentarismo, a obesidade e certos hábitos posturais, como ficar muito tempo sentado ou em pé parado, contribuem para um maior risco da doença, além da predisposição genética. Já as telangiectasias, chamadas de “vasinhos”, são vasos de calibre muito fino e bastante superficiais. Eles são mais comuns em mulheres (56% a 71%) do que em homens (36% a 44%) por questões hormonais, e provocam desconforto essencialmente estético.
Os aneurismas são dilatações de segmentos de artérias que podem provocar trombose do vaso, embolia de pequenos fragmentos de trombos (quando coágulos se desprendem e fecham vasos mais adiante do local onde foram formados) ou rotura. Cada tipo de complicação tem frequência maior ou menor dependendo do vaso aneurismático. O aneurisma de aorta, por exemplo, tem como complicação mais frequente e temida a ruptura, evento que provoca morte em aproximadamente 75% dos casos. Via de regra, os aneurismas não provocam sintomas na maior parte das vezes, o que faz com que seja uma doença bastante traiçoeira.
A doença arterial obstrutiva periférica é mais comum nas artérias que irrigam as pernas e têm como sintomas mais frequentes a dor na panturrilha, que aparece somente quando o paciente caminha, e desaparece quando a caminhada é interrompida. Em fases mais avançadas, a pessoa pode ter dor mesmo em repouso, além de apresentar gangrena em parte do pé, e isso representa um alto risco de amputação da perna. Mesmo quando não apresenta sintomas, a DAOP é importante, visto que está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares (infarto do coração e acidente vascular cerebral).
Segundo o cirurgião vascular e coordenador da Comissão de Doenças Arteriais da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – Regional São Paulo – SBACV-SP, Dr. Antonio Eduardo Zerati, as doenças arteriais obstrutivas têm na aterosclerose a principal causa. A aterosclerose é provocada por acúmulo de gordura na parede das artérias, que, com o tempo, fecham o interior do vaso e reduzem a passagem de sangue. A aterosclerose tem maior frequência em indivíduos mais idosos e está associada também a doenças como pressão alta, diabetes, colesterol elevado, além de hábitos como o tabagismo e sedentarismo. Os aneurismas mais frequentes são os conhecidos como “degenerativos” e também estão associados aos mesmos fatores de risco para aterosclerose (hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes, tabagismo), além da predisposição genética.
Dr. Zerati explica ainda que, apesar da predisposição genética estar envolvida em algumas doenças circulatórias, o estilo de vida tem papel crucial no surgimento, desenvolvimento e agravamento de doenças circulatórias, tanto venosas como arteriais. Ele ressalta que a partir dos 40 anos, um processo conhecido como sarcopenia (atrofia da musculatura) costuma se desenvolver tanto no homem quanto na mulher, de modo que exercícios que promovam o fortalecimento muscular tornam-se importantes para conter esse processo, resultando numa melhora da qualidade de vida.
O cirurgião vascular reforça que uma alimentação saudável, balanceada, não fumar, além de exercícios físicos regulares melhoram a saúde vascular e reduzem o risco de doenças como pressão alta, diabetes, obesidade, que têm forte associação com problemas circulatórios não só periféricos (pernas), mas também cardíacos e cerebrais. “É muito importante que os homens se atentem mais à sua saúde antes que ela se torne um problema. A preocupação e os cuidados com a própria saúde não são sinais de fraqueza ou insegurança. Pelo contrário, um organismo saudável, lapidado em hábitos saudáveis, denota força. Cuidem da alimentação, pratiquem atividade física regular e passem por avaliação médica com frequência”, orienta Dr. Zerati.