28/07/2023 às 05h00min - Atualizada em 28/07/2023 às 05h00min

Julho amarelo: saiba como prevenir as hepatites virais

Infectologista Luis Felipe Silva Visconde alerta para cuidados, prevenção e tratamento das hepatites - Divulgação

A Organização Mundial da Saúde (OMS), instituiu o dia 28 de julho como o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. O Ministério da Saúde lançou em 2022 o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, conhecidas por terem sintomas silenciosos. De 2000 a 2021, foram notificados 718.651 casos confirmados.

Hepatites do tipo A, B e C são as mais comuns no Brasil. A hepatite A tem sua transmissão pela chamada via “fecal-oral”, isto é, pelo consumo de água e alimentos contaminados com fezes de outras pessoas que estão infectadas com o vírus.

As hepatites B e C por sua vez são transmitidas através do contato com sangue de pessoas que vivem com o vírus. Assim, pode ocorrer em transfusões de sangue, compartilhamento de objetos perfurocortantes (alicates de unha, lâminas de barbear, agulhas e agulhas de tatuagens não esterilizadas), durante o parto (passagem de mãe para filho) e durante a relação sexual (por possíveis micro traumas nas mucosas genitais).

Segundo o infectologista do Grupo São Lucas, Dr. Luis Felipe Silva Visconde, as hepatites podem trazer sintomas como náuseas, febre vômitos, dores abdominais e diarreia. A lesão no fígado pode comprometer a eliminação de uma substância chamada bilirrubina, que se acumula no organismo e pode conferir uma coloração amarelada à parte branca dos olhos, pele e mucosas. A agressão ao órgão pode causar grande sequela ao paciente.

“A maior preocupação é quando as hepatites se tornam crônicas, o que pode ocorrer no caso da hepatite B e C. Por razões ainda não totalmente definidas, algumas pessoas não conseguem eliminar o vírus do organismo. Com isso, o vírus pode permanecer anos se replicando no fígado, gerando agressão a estrutura, mas sem causar sintomas importantes. Quando essa replicação não é controlada por meio de tratamentos médicos, essa agressão contínua pode promover alterações na função e forma do fígado, levando a um quadro conhecido como cirrose e facilitando o surgimento de câncer hepático”, alerta o médico.

A sorologia, que identifica o vírus, pode ser feita por qualquer setor médico e é o primeiro passo. O tratamento, por sua vez, é feito por um especialista (infectologistas e/ou gastroenterologistas) e pode eliminar ou controlar a doença do organismo. Entre 5 e 10% daqueles que entram em contato com o vírus da hepatite B, a infecção pode evoluir para a fase crônica. Nesses casos, não existem medicamentos capazes de eliminar o vírus do organismo, mas é possível controlar sua replicação, evitando a lesão a longo prazo do fígado e reduzindo o potencial de transmissão.

A hepatite C, ao contrário da B, tem maior chance de evoluir para a fase crônica. A diferença é que já existem medicamentos com potencial de cura, que conseguem eliminar totalmente o vírus do organismo em mais de 95% das pessoas tratadas.

A principal forma de prevenção das hepatites A e E é o investimento em saneamento básico e higiene. O infectologista recomenda lavar bem frutas e verduras antes da ingestão, higienizar as mãos, evitar consumo de água e alimentos de procedência desconhecida. A hepatite já tem vacinação incorporada ao Programa Nacional de Imunização no Brasil. O esquema vacinal também é a forma de prevenção contra a hepatite B, disponível no SUS.

“Outras formas de prevenção da hepatite B, que também valem para a hepatite C, incluem o uso de preservativos (camisinha) durante as relações sexuais e evitar o uso compartilhado de objetos perfurocortantes. Ao ir à manicure, leve o kit próprio ou vá a estabelecimentos que trabalhem dentro das normas da Vigilância Sanitária, com materiais adequadamente esterilizados. Ademais, recomenda-se a realização de testes diagnósticos periodicamente, já que muitas vezes, as formas crônicas podem ser silenciosas e assintomáticas”, explica o Dr. Luis Felipe.


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