As recentes enchentes de Santa Catarina mais uma vez colocaram em evidência a vulnerabilidade de nossas cidades frente aos fenômenos naturais. A região, historicamente marcada por desastres causados por chuvas intensas, enfrenta um desafio que ultrapassa as barreiras climáticas e revela fragilidades estruturais e organizacionais que precisam ser urgentemente sanadas.
Esse cenário também remete aos desastres ocorridos no Rio Grande do Sul em 2024, quando enchentes catastróficas destruíram comunidades inteiras, principalmente na região do Vale do Taquari. A semelhança entre os eventos é preocupante, pois destaca um padrão de fragilidade estrutural compartilhado entre os estados do sul do Brasil. No caso gaúcho, assim como no catarinense, a urbanização desordenada, o desmatamento e a falta de infraestrutura preventiva agravaram os impactos das chuvas.
Nos últimos dias, volumes altos de chuva atingiram diversas regiões do estado, provocando alagamentos, deslizamentos de terra e forçando milhares de famílias a abandonarem suas casas. As cenas de caos, sofrimento e perdas materiais se repetem com frequência alarmante, gerando uma pergunta incômoda: até quando?
Embora não possamos controlar o clima, é inegável que a prevenção e a adaptação são caminhos possíveis e necessários. O governo de Santa Catarina anunciou recentemente um investimento de R$ 342 milhões para mitigação de enchentes, com medidas que incluem modernização de barragens, construção de novas estruturas e melhorias nos sistemas de drenagem. Tais medidas precisam ser acompanhadas de planejamento eficaz e fiscalização rigorosa para que não fiquem apenas no papel.
Além disso, é fundamental incluir a sociedade nesse processo. Campanhas educativas sobre riscos e ações preventivas, somadas ao fortalecimento de sistemas de alerta, podem salvar vidas e reduzir danos. A integração entre o poder público, a iniciativa privada e as comunidades locais são essenciais para criar soluções que sejam tanto sustentáveis quanto eficazes.
Outra característica relevante, é o papel da urbanização desordenada, que agrava significativamente os impactos das enchentes. A ocupação de áreas de risco, a impermeabilização do solo e a ausência de planejamento urbano adequado são problemas crônicos que precisam ser enfrentados. Políticas que incentivem a preservação ambiental e promovam soluções baseadas na natureza, como a recuperação de matas ciliares e a criação de parques fluviais, devem ser priorizadas.
Não se trata apenas de reagir a desastres, mas de investir em prevenção, em infraestrutura resiliente e em um futuro em que tragédias como essa não sejam encaradas como rotina. Santa Catarina, com sua história de superação, tem a oportunidade de se tornar um modelo de gestão ambiental e planejamento urbano, desde que as lições do presente sejam realmente aprendidas e aplicadas.
A natureza nos dá um aviso claro: a ação não pode mais ser adiada. Precisamos, como sociedade, reconhecer nossa responsabilidade e agir com urgência e determinação para proteger vidas, patrimônios e o futuro de nosso planeta.
*Grazielle Ueno é professora e coordenadora do curso de Tecnologia em Gestão de Turismo do Centro Universitário Internacional Uninter.
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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