Jovens de São Paulo são reconhecidas por ONG internacional

A Ashoka, maior rede mundial de seleção de projetos de impacto social desenvolvidos por jovens para suas comunidades, reconheceu as estudantes Hagata Cruz e Melyssa Ramos, de São Paulo, como Jovens Transformadoras 2025.

Hagata Cruz, é uma jovem de 19 anos, que cresceu no Jardim Morumbi, periferia de Araras (SP), em uma família preta, e desde pequena, viveu os silêncios de uma educação que não reconhecia sua identidade racial. Enfrentando a falta de representatividade e o desejo de resistir, Hagata, outras meninas negras e uma professora começaram a se reunir para conversar sobre suas vivências.

Da escuta e da leitura nasceu o Projeto Boyebi, que atua com rodas de leitura, debates e doações de livros de literatura afrofuturista para crianças negras da rede pública.

A proposta é devolver às crianças negras o direito de se imaginar no futuro, como protagonistas de suas histórias. Desde sua criação, o projeto já impactou diretamente mais de 80 crianças. Após as atividades, houve um aumento de 800% no interesse dos participantes pela literatura negra e afrofuturista. O próximo passo é ampliar o alcance do projeto, conectando escolas, bibliotecas e coletivos de diferentes regiões do país.


 

Melyssa Ramos, de 18 anos, nasceu na cidade de Taubaté (SP), mas foi no litoral sul paulista, entre Iguape e Ilha Comprida, que construiu sua identidade. Ao crescer em uma cidade litorânea, Melyssa testemunhou de perto os impactos do racismo ambiental, da falta de saneamento, da verticalização desordenada e do avanço do mar sobre as casas mais vulneráveis. O problema não era apenas a destruição ambiental, mas também a ausência de voz das juventudes e das comunidades periféricas nas decisões que as afetavam.

Em resposta a isso, em 2022, Melyssa e três colegas fundaram o coletivo Puro Ouro Verde, com o propósito de criar pontes entre juventude, justiça ambiental e comunicação popular.
 

O coletivo usa ferramentas de educomunicação, como vídeos, podcasts e exposições, para denunciar injustiças e formar outros jovens engajados. Desde sua criação, a iniciativa já alcançou mais de mil estudantes e cerca de cinquenta adultos, com oficinas de educação ambiental, mutirões de limpeza e exposições itinerantes. As ações extrapolaram os limites de Ilha Comprida, chegando a eventos estaduais, nacionais e até internacionais.