Kinoforum – Festival Internacional de Curtas de São Paulo chega à sua 36ª edição

Evento traz 253 filmes de 60 países e homenagem à fundadora Zita Carvalhosa

ATTI COMUNICAÇÃO
07/08/2025 19h15 - Atualizado há 5 horas
Kinoforum – Festival Internacional de Curtas de São Paulo chega à sua 36ª edição
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A capital paulista se transforma novamente no centro do curta-metragem mundial com a 36ª edição do Kinoforum – Festival Internacional de Curtas de São Paulo, que exibe 253 filmes de 60 países entre os dias 21 e 31 de agosto de 2025, com entrada gratuita

Integrando a agenda oficial da cidade, a programação do festival se espalha por espaços culturais de São Paulo, como a Cinemateca Brasileira, o CineSesc, o Circuito Spcine, o Museu da Imagem e do Som (MIS), o Espaço Petrobras de Cinema, e o Cinusp

Com uma programação ampla e plural, o Kinoforum traz curtas premiados e aclamados em festivais como Cannes e Veneza, ao lado de novas vozes do audiovisual contemporâneo. A seleção deste ano apresenta um panorama vibrante do cinema atual, revelando tendências, narrativas urgentes e experimentações estéticas de todo o mundo. A diversidade de origens e temáticas traça um panorama potente do audiovisual contemporâneo, aproximando o público de novas formas de ver e narrar o mundo.
Este também é um ano de transição simbólica e afetuosa para o festival: Zita Carvalhosa, fundadora e idealizadora do Kinoforum, falecida em julho deste ano, será a grande homenageada da edição. Uma mostra especial será dedicada à sua trajetória como produtora e ao impacto decisivo que teve no cinema brasileiro e na formação de novas gerações. A partir desta edição, a coordenação do festival passa a ser conduzida por Marcio Miranda Perez (programação) e Vânia Silva (coordenação executiva), profissionais que trabalharam ao lado de Zita nos últimos anos e que agora seguem com o compromisso de manter vivo o seu legado artístico, político e cultural.
A extensa programação do festival se organiza em programas que abrangem as mostras Internacional, Latino-Americana, Infantojuvenil, Limite e os Programas Brasileiros, estes últimos compostos não só por filmes da Mostra Brasil, mas também por obras realizadas por estudantes universitários e participantes de oficinas de realização audiovisual como as Oficinas Kinoforum, reunidas no programa Cinema em Curso.
Entre os programas especiais, destaca-se a comemoração aos 25 anos do manifesto Dogma Feijoada, a mostra especial O Som no Cinema, inspirada na influência do som na narrativa cinematográfica, além de programas como o Nocturnu, que celebra o horror e o fantástico, e uma seleção dedicada às animadoras do Leste Europeu.
"O desenho da programação do festival deste ano foi inspirado pela nuvem de ideias em que estamos mergulhados no mundo de hoje, refletindo um ambiente de troca de ideias que sempre foi muito estimulado pela Zita. Essa nuvem, que está representada no cartaz do festival, nos confronta com diferentes concepções de mundo, e encontra no cinema um espaço frutífero para a discussão e uma leitura mais vibrante e propositiva do mundo", reflete Marcio Miranda Perez.
Destaques da Programação
Mostra Internacional reúne destaques premiados nos principais festivais do mundo. Entre eles está Que Bom Que Você Morreu, de Tawfeek Barhom (França, Palestina, Grécia), vencedor da Palma de Ouro de Melhor Curta em Cannes 2025, que narra o reencontro de dois irmãos em uma ilha marcada por traumas do passado. Outro destaque é Quem Ama o Sol, de Arshia Shakiba (Canadá), eleito Melhor Curta na mostra Orizzonti do Festival de Veneza 2024, que retrata a dura realidade das refinarias improvisadas no norte da Síria.
Vovó Nai Tinha Seus Favoritos, de Chheangkea (Camboja, França, EUA), traz uma abordagem sensível e bem-humorada sobre identidade e tradição familiar, e foi vencedor do Prêmio do Júri de Melhor Ficção Internacional no Sundance Film Festival 2025. Já 12 Momentos Antes da Cerimônia de Hasteamento da Bandeira, de Zhizheng Qu (China), aborda com delicadeza os dilemas de um jovem em uma escola de Pequim, e recebeu o Segundo Prêmio na seção La Cinéf de Cannes 2025.
Completando a seleção, Bandeira Vermelha, de Dimitri Krassoulia-Vronsky (França), conta com a atuação de Damien Bonnard, conhecido por Na Vertical e Os Miseráveis, além da série Os Malditos (MAX). O filme reflete sobre o direito ao lazer e os limites da convivência em espaços públicos.

A produção recente da América Latina é celebrada na Mostra Latino-Americana, que apresenta filmes de forte carga sensível e política, muitos deles premiados ou exibidos em grandes festivais. Entre os destaques está Akababuru: Expressão De Espanto, de Irati Dojura (Colômbia), uma ficção híbrida com animação sobre uma lenda indígena da etnia Emberá Chamí, que ganhou menção honrosa no Festival de Berlim; James, de Andres Rodríguez (Guatemala), que acompanha a delicada transição de um jovem da infância à vida adulta em um ambiente masculino opressivo, filme integrante da seleção oficial do Festival de Veneza. De Porto Rico, Entre Tormentas, de Fran Zayas, narra a jornada de um homem em busca dos restos mortais de seu irmão, com produção executiva assinada por Spike Lee.
A seleção inclui ainda Três, de Juan Ignacio Ceballos (Argentina), sobre um dia aparentemente banal no campo que revela, aos poucos, as fissuras emocionais entre três irmãos e uma visitante, filme exibido na Cinéfondation de Cannes. Já Menino-Falcão Dorme Entre Visões de um Incêndio, de Mauricio Saenz-Canovas, propõe uma experiência ensaística e poética ao abordar a vida de jovens marginalizados em meio a falcões e montanhas. A obra foi reconhecida com o Prêmio Especial do Júri no Festival de Morelia.

Mostra Brasil reúne uma potente diversidade de vozes, territórios e estéticas, com filmes que refletem o presente em múltiplas camadas. Entre os destaques, está a estreia nacional de Filme Sem Querer, de Lincoln Péricles, um dos nomes mais importantes do cinema de periferia de São Paulo. Quase Trap, de Filipe Barbosa, traz a perspectiva de um jovem inspirado pela música.


Temas como espiritualidade, ancestralidade e resistência atravessam obras como Vênus Visitou São Paulo, de Socorro Lira, que conta com a presença do Padre Júlio Lancellotti, e O Céu Não Sabe Meu Nome, de Carol Aó, e exibido em Clermont-Ferrand. A mostra também inclui o poético Entre Latidos e Ruídos, de Lucas Lespier, que tem como personagens centrais duas figuras marcantes do audiovisual paulistano: Patricia Moran (Kinoforum) e Lyara (Spcine). Em Bela Lx-404, de Luiza Botelho, o público poderá assistir à última atuação da atriz Léa Garcia, enquanto Mensagem de Sergipe, de Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet, articula experiências e memórias em diálogo entre gerações. Já A Cabana, de Bárbara Sturm, traz a atriz Dira Paes no elenco e investiga territórios simbólicos e afetivos em sua narrativa. A seleção evidencia temas sociais, culturais e existenciais, reafirmando o curta como espaço de experimentação e reflexão crítica.


Mostra Limite apresenta obras que desafiam formatos tradicionais e apostam no risco estético. Entre os destaques estão a animação Safo, de Rosana Urbes, premiada no Festival de Annecy, e o ensaio visual O Rio de Janeiro Continua Lindo, de Felipe Casanova (Bélgica, Brasil), que oferece uma reflexão poética sobre o Carnaval como espaço de memória e resistência. O filme tem uma conexão direta com o Kinoforum, já que Casanova participou do laboratório de montagem WipKino, promovido pelo festival em 2024.
A seleção deste ano também inclui Vesuvio, de Bruno Christofoletti Barrenha (Alemanha), uma obra de caráter arqueológico-cinematográfico que parte da descoberta de antigos rolos de filme nas imediações do vulcão Vesúvio para construir uma narrativa enigmática e reflexiva. Dois dos títulos estrangeiros presentes na mostra são dirigidos por brasileiros, reforçando o caráter transnacional da produção contemporânea e a potência da criação brasileira mesmo fora do território nacional.
Mostra Infantojuvenil oferece uma programação que convida crianças e adolescentes a se envolverem com narrativas repletas de magia, fantasia e vivências do universo infantojuvenil. Entre os destaques estão Uma Menina, Um Rio, de Renata Martins Alvarez, curta inspirado no livro homônimo, que será tema de uma atividade especial de contação de histórias com o autor e a diretora na Cinemateca Brasileira, e Fantasma do Boleto, comédia criada por estudantes da rede pública durante oficina do Kinoforum, que trata com humor o peso simbólico das contas a pagar.
O programa Cinema em Curso apresenta curtas produzidos em escolas de cinema e oficinas de realização audiovisual. O filme A Tragédia do Lobo-Guará, de Kimberly Palermo, da UFF, é resultado dos recursos do Prêmio Revelação que a diretora recebeu no Kinoforum pelo seu curta anterior, Cenas da Infância. O destaque também vai para filmes produzidos por jovens das periferias de São Paulo, como 4Elementos, que explora a cultura Hip-Hop como modo de vida, e Palavras Não Ditas, que aborda com sensibilidade questões de saúde mental na juventude, a partir da vivência em uma comunidade da Zona Leste.

Programas Especiais
Os Programas Especiais do 36º Kinoforum ampliam os horizontes do curta-metragem ao trazer mostras que exploram temas sociais, culturais e estéticos diversos através de curadorias criadas pelo festival e de parcerias com eventos internacionais.
A mostra Zita Carvalhosa, Mulher de Cinema reúne uma seleção de curtas realizados pela produtora, destacando seu pioneirismo como mulher em um campo marcado pela predominância masculina e seu papel fundamental na construção do festival. Idealizada no contexto dos 30 anos da Associação Cultural Kinoforum, a mostra destaca também a atuação de Zita como produtora de curtas-metragens de relevância histórica e artística, reafirmando seu papel essencial na consolidação do curta como linguagem autônoma e campo fértil para a experimentação e o surgimento de novas vozes no cinema brasileiro.
Na seleção, estão presentes sete dos inúmeros filmes que Zita produziu, e que aqui representam, de maneira simbólica, sua contribuição intensa e plural para o cinema: A Garota das Telas, de Cão Guimarães, A Mulher do Atirador de Facas, de Nilson Villas Bôas, Onde São Paulo Acaba, de Andréa Seligmann, Amor! e Morte., de José Roberto Torero, Rosa e Benjamin, de Cleber Eduardo e Ilana Feldman e Distraída para a Morte, de Jeferson De. As obras dialogam com diferentes momentos e inquietações da produção cinematográfica nacional. 
Em comemoração aos 25 anos do manifesto Dogma Feijoada, o festival apresenta dois programas que avaliam a luta por um cinema feito e pensado por cineastas negros. Essa mostra contará com um debate com a presença de alguns dos idealizadores do manifesto lançado dentro da edição do ano 2000 do Kinoforum, como Jeferson De, Lilian Solá Santiago e Noel Carvalho.
O programa Eco Minds, parte da Temporada Cultural França-Brasil de 2025, é resultado de uma parceria entre o Festival Internacional de Curtas de São Paulo e o Festival de Clermont-Ferrand, o maior festival dedicado ao curta-metragem no mundo. A seleção reúne seis filmes franceses e brasileiros que propõem reflexões urgentes sobre sustentabilidade, mudanças climáticas e a transição ecológica, sempre a partir de olhares diversos e potentes. Entre os destaques, está o clássico Ilha das Flores (1989), de Jorge Furtado, eleito o melhor curta-metragem brasileiro de todos os tempos pela Abraccine, e Estado Líquido (2016), de Fernanda Ramos, filmado poucos dias após o desastre de Mariana.
A mostra O Som no Cinema, outra parceria com Clermont-Ferrand, destaca o protagonismo do som dentro da narrativa cinematográfica. O programa inclui filmes como A Morte do Engenheiro de Som, de Sorayos Prapanan (Tailândia), que segue de forma cômica a rotina de dois técnicos que captam sons que muitas vezes não são usados, e Medo, Pequeno Caçador, de Laurent Achard (França), sobre uma criança que acompanha no quintal os sons dos acontecimentos dentro de sua casa. O filme fez parte da seleção oficial de Cannes.


Os programas especiais incluem ainda uma sessão dedicada inteiramente ao cinema de animação realizados por mulheres do Leste Europeu; a mostra Conexão Áfricas, de curadoria da marfinense Rita Ambeu, que foca na produção de países como Costa do Marfim, Argélia e Camarões; a Trilogia do Esquecimento, uma série de curtas autorais do diretor Rodrigo Grota sobre personagens que passaram pela cidade de Londrina nos anos 50; e a mostra Nocturnu, dedicada ao cinema fantástico e de horror.

Atividades Paralelas
O Kinoforum vai além da exibição de filmes e promove atividades paralelas que integram o público e os profissionais do audiovisual, estimulando a reflexão sobre como ver, criar, fazer e promover o curta-metragem.
Curta & Mercado reúne debates, encontros e rodas de conversa focados na circulação, financiamento e comercialização de curtas-metragens, fortalecendo a profissionalização do setor. A edição deste ano traz de volta os Kinoforum Labs, laboratórios de desenvolvimento de projetos de curta e longa-metragem com a tutoria de profissionais destacados da indústria. Os temas dos painéis que discutem diversos aspectos do panorama do audiovisual incluem a análise das especificidades dos formatos curta e longa para a produção audiovisual; uma discussão sobre o papel da trilha sonora na narrativa cinematográfica; e um encontro sobre internacionalização do curta-metragem, com a presença de curadores internacionais.
O projeto Conexão USP-Kinoforum promove programas e seminários que aproximam a comunidade acadêmica do universo audiovisual, incentivando a pesquisa e o debate crítico, incluindo este ano uma mostra universitária de VR/360º. Já o programa Cinema na Comunidade leva sessões de curtas para espaços culturais em diferentes bairros de São Paulo, democratizando o acesso ao cinema e ampliando a formação de público.

36° Kinoforum - Festival Internacional de Curtas de São Paulo é uma realização da Associação Cultural Kinoforum, sob a coordenação executiva de Vania Silva e a coordenação de programação de Marcio Miranda Perez. O evento conta com patrocínio por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), com apoio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, da Spcine, do Itaú e da Prudence. A realização é da Associação Cultural Kinoforum, em parceria com a Cinemateca Brasileira, o SESC – Serviço Social do Comércio e o Museu da Imagem e do Som (MIS).

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VALERIA MAGNABOSCO BLANCO
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FONTE: atti comunicacao
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