28/09/2022 às 08h00min - Atualizada em 28/09/2022 às 08h00min

Momento Oráculo: Como identificar o TDAH? - Parte 2

Nos últimos dias você acompanhou a primeira parte da entrevista exclusiva com o neuropsicólogo Dr. Bruno Pellicani, sobre TDAH. Agora você confere a segunda parte da conversa sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.
 
A Voz de Ribeirão: O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade tem tratamento?
Dr. Bruno Pellicani: Sim, o transtorno tem tratamento. O ideal é sempre existir o tratamento conjunto, multidisciplinar. Com a criança, o acompanhamento é feito normalmente por um psiquiatra infantil ou pediatra. Já na fase adulta, o trabalho deve ser feito por um psiquiatra ou neurologista, e em ambos os pacientes, sempre deverá ser trabalhada em conjunto com no mínimo a psicoterapia, pois as pesquisas mostram que só o tratamento medicamentoso, ou apenas a psicoterapia, não oferece o resultado desejado.
 
A Voz de Ribeirão: O transtorno não tratado pode acarretar em quais complicações?
Dr. Bruno Pellicani: Na infância, as primeiras complicações são no âmbito escolar, com dificuldade da mesma em acompanhar os demais alunos. Quando isso acontece, ela já se sente naturalmente excluída, e em decorrência ou consequência disso, ela começa a ter problemas comportamentais, seja com colegas ou professores, e com o mesmo ocorrendo no âmbito familiar. São crianças muito desatentas, desorganizadas, bagunceiras e de difícil trato e manejo.
No caso de adultos, observamos problemas de arrumar um trabalho ou permanecer em um emprego por longos períodos, além de dificuldades de cumprir prazos, seguir ordens ou orientações que prejudicam o ambiente e as relações de trabalho. Muito comum também que eles tenham dificuldade de se manter em relacionamentos, pois a pessoa com TDAH muitas vezes não consegue estar focada, o que pode levar a conflitos na relação, por conta da falta de atenção ou por uma hiperatividade que o (a) companheiro (a) não consegue acompanhar.
 


A Voz de Ribeirão: Pacientes assistidos por profissionais de psicologia apresentam melhora na qualidade de vida?
Dr. Bruno Pellicani: As pesquisas hoje indicam que a linha de atuação mais eficaz é a TCC (Terapia Cognitiva Comportamental), onde nessa linha, junto com a Psiquiatria, o paciente pode já começar a apresentar uma clara melhora dentro dos 6 primeiros meses de tratamento, se o mesmo for conciliado entre medicamentoso e terapeutico.
Porém, há alguns detalhes que merecem ser ressaltados. Quando falamos em crianças, além do paciente em si, é preciso envolver também os pais e a escola dela, para que o colégio esteja ciente da patologia e consiga se adequar às necessidades e capacidades da mesma, de forma que não gere outros traumas ou outras circunstâncias que possam levar a problemas secundários, como depressão ou ansiedade, devido a uma não performance esperada pela idade.
 
Atividades físicas de concentração e longa permanência do movimento, como Natação e Bicicleta, ajudam no tratamento, pois são esportes cujo foco deve ser mantido em um único objeto ou ação durante o tempo da prática.
Importante também pensar em atividades não médicas, como meditação. Tudo e qualquer coisa que ajude a manter e trabalhar o foco, colabora para que o cérebro aprenda a se acalmar.
Outra coisa importante é a alimentação, onde os pacientes devem fazer um acompanhamento com nutricionista ou nutrologa. No caso das crianças, importante evitar doces, chocolate e refrigerante, por exemplo. No caso de adultos, deve-se evitar alimentos muito estimulantes, como café, chá preto, bebidas alcoólicas e etc, pois todos estes são elementos que fazem com que o cérebro fique mais estimulado – o que pode potencializar principalmente a questão da hiperatividade.
Dessa forma, entendemos que o tratamento deve envolver várias áreas para ser mais eficaz. Além do acompanhamento com os profissionais adequados, é preciso estar atento àquelas terapias não convencionais, sem formação acadêmica ou comprovação cientifica, como constelação familiar, coaching e tantas outras que prometem curas rápidas e/ou milagrosas.
Agindo assim, os resultados do tratamento multidisciplinar terão seus efeitos e serão notados de forma mais rápida e eficaz, porque a criança e o adulto vão aprender através dos tratamentos, estratégias para quando se aperceberem muito agitados, sabendo como agir em cada circunstância de suas vidas de forma mais assertiva - dando uma maior qualidade de vida a elas e, consequentemente, às suas famílias.
 
A Voz de Ribeirão: De que forma o Projeto Oráculo atua nesses casos?
Dr. Bruno Pellicani: O Projeto Oráculo vai apoiar o paciente em três áreas. Geralmente o paciente já vem acompanhado por um médico (Pediatra, Psiquiatra ou Neurologista), então ele já possui um acompanhamento médico clínico. Nesse cenário, nós daremos o suporte inicialmente na confirmação do diagnóstico – através de avaliação neuropsicológica feita por neuropsicólogos do projeto.
Em segundo lugar, daremos o tratamento psicoterapêutico com especialistas nas áreas do TCC ou comportamentais. Também daremos apoio através dos nossos parceiros Nutricionistas. E no caso das crianças contamos também com profissionais na área da psicopedagogia para darem auxílio na área acadêmica delas.
Dessa forma, o Projeto Oráculo auxilia no complemento ao tratamento médico. Através de valores acessíveis, damos os atendimentos nas áreas da psicoterapia, nutrição, diagnostico neuropsicológico e psicopedagogia.


Dr. Bruno Pellicani é neuropsicólogo

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