*Dr. Luiz Antônio Sá é professor de Clínica Médica, Geriatria e Gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).
“Doutor, é demência ou é Alzheimer?”. Esta é uma pergunta muito comum nos consultórios de geriatria, e vou respondê-la a você leitor.
As demências constituem um grupo de doenças, sendo a mais comum delas a Demência de Alzheimer (DA), que representa mais de 50% de todos os casos. Outros exemplos de demências são a vascular, mista, Corpos de Lewis e fronto temporal.
O maior fator de risco não modificável para esta doença é, sem dúvida, a idade. Quanto maior a idade, maior é a probabilidade de adquiri-la, e com o envelhecimento da população e a longevidade das pessoas, este risco se acentua ainda mais.
A cada três segundos uma pessoa desenvolve demência no mundo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o número atual é de 50 milhões de pessoas com demência, e de acordo com estimativas esse número poderá triplicar até 2050. O Brasil possui cerca de 1,8 milhão de pessoas com essa condição, e as projeções indicam um aumento de 206% até 2050, chegando a 5,6 milhões.
Diminuir os riscos
As demências são doenças graves, de caráter degenerativo e progressivo, com déficits cognitivos acentuados e alterações da personalidade, que interferem sensivelmente nas atividades pessoais, sociais e de trabalho e, na fase mais avançada, o paciente torna-se totalmente dependente de cuidados 24 horas por dia, e ainda não há tratamentos efetivos.
O que também deve ser levado em consideração é que essas doenças não atingem apenas o paciente, pois pertencem à categoria de “doença familiar”, haja vista as diversas preocupações, a fadiga, o estresse e a diminuição da qualidade de vida dos familiares que convivem com o enfermo.
Ainda não temos a cura para essas doenças, no entanto surge uma luz no fim do túnel com novos estudos médicos, referendando que com medidas preventivas e protetivas, afastando os fatores de risco, é possível eliminar ou retardar os efeitos dessas doenças em mais de 40% dos casos.
Foram enumerados 14 fatores de risco, modificáveis, que devemos combater para evitar o Alzheimer: diabetes, hipertensão, obesidade, inatividade física, tabagismo, depressão, baixa escolaridade, perdas auditivas (surdez), isolamento social, consumo excessivo de álcool, traumatismo craniano, poluição ambiental, colesterol LDL elevado e perda de visão.
Estudo revolucionário
Segundo o Dr. Shaheen Lakhan, Ph.D., neurologista e pesquisador na Flórida (EUA), a demência não é inevitável. O potencial para prevenir ou retardar quase metade dos casos de demências ao abordar esses fatores de risco é algo revolucionário. “Isso muda a nossa perspectiva sobre a demência, deixando de vê-la como uma parte inevitável do envelhecimento e encarando-a como uma doença na qual podemos trabalhar ativamente para prevenir seu surgimento”, afirma o pesquisador.
Além do combate aos 14 fatores citados, devemos ter outras medidas preventivas e protetivas contra estas doenças, tais como: exercícios físicos, atividade cognitiva (procurar aprendizados novos), dormir bem, dieta adequada (comer menos, mas com todos os nutrientes necessários), evitar fumo e álcool, ter uma postura positiva frente à velhice e não se isolar (participar constantemente de atividades socioculturais).
Praticar a espiritualidade e gratidão também pode ajudar a ter sentido de vida, combatendo as demências. Com base nestas recentes descobertas, cabe a cada indivíduo evitar os fatores de risco para proporcionar a si mesmo uma velhice com maior qualidade de vida.
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