Os avanços tecnológicos têm beneficiado a humanidade em diversos aspectos, mas também apresentam um lado sombrio. O uso de inteligência artificial para criar conteúdos sexuais falsos tem sido cada vez mais denunciado, causando danos principalmente às mulheres.
Em 2023, foram registrados 100 mil vídeos manipulados desse tipo circulando na internet, com 99% dos casos voltados para atacar mulheres. Este ano, as denúncias de fake nudes envolvendo candidatas à prefeitura de São Paulo tiveram grande repercussão.
Seja para diminuir o papel feminino na sociedade, por vingança ou por outros motivos, esse tipo de conteúdo falso se tornou um problema grave no meio digital. Vale lembrar que essa prática é crime previsto em lei no Brasil.
Além disso, isso ocorre junto ao aumento de mulheres no conteúdo adulto, que vendem vídeos eróticos de forma consciente como meio de trabalho.
Os deep nudes, também conhecidos como fake nudes, referem-se a fotos ou vídeos manipulados com o objetivo de produzir conteúdo erótico. Com o uso de inteligência artificial, é possível criar mídias falsas a partir de materiais já existentes.
Muitas vezes, o rosto de uma vítima é inserido em um corpo fisicamente semelhante, o que torna o conteúdo mais convincente. Isso pode variar desde imagens até vídeos de sexo que circulam pela internet.
Esse tipo de manipulação já existe no meio digital há alguns anos, mas os avanços tecnológicos tornaram o processo mais realista. Esse crime é complexo e pode prejudicar até eleições, como foi visto em São Paulo e também na campanha presidencial dos Estados Unidos.
Com a maior dificuldade em distinguir o que é verdadeiro do que é falso, essas mídias muitas vezes passam despercebidas pelo público. Em muitos casos, é necessária a análise de um profissional para identificar a manipulação.
A inteligência artificial tem revolucionado diversos setores com sua capacidade de aprender e realizar ações de forma autônoma. Nesse cenário, o deep learning surgiu como uma categoria do aprendizado de máquina, permitindo que as IA tomem decisões de maneira independente ao analisar dados, simulando o raciocínio humano.
Por outro lado, essa técnica também se tornou a base para a criação dos deep nudes, em que a IA é usada para simular mulheres em conteúdos sexuais. Com isso, criminosos conseguem realizar manipulações realistas, exigindo pouco esforço.
Afinal, a máquina processa algoritmos complexos de forma automatizada, manipulando vídeos e imagens em questão de segundos. Dessa maneira, o volume de conteúdos desse tipo no meio digital é extenso e ainda mais difícil de localizar e remover.
O Código Penal brasileiro prevê pena de seis meses a um ano, além de multa, para o seguinte crime: "Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos participantes".
Originalmente, essa lei tinha o objetivo de punir aqueles que gravam relações sexuais ou momentos íntimos em geral sem o consentimento de uma das partes. No entanto, a prática de deep nudes também passou a ser enquadrada no Código Penal com base nesse artigo.
Embora sejam mídias artificiais, trata-se de conteúdo criado e reproduzido sem a permissão da vítima. Encontrar cibercriminosos pode ser complexo, mas profissionais especializados conseguem identificar rastros utilizando técnicas digitais.
De qualquer forma, a legislação atual necessita de atualizações e de penas mais severas para esse tipo de crime, considerando a gravidade dos danos causados às vítimas das manipulações.
A facilidade com que os deep nudes são disseminados está relacionada à desvalorização do papel feminino na sociedade. Essa prática é direcionada a mulheres, com o intuito de reduzi-las a uma função sexual, diminuindo suas atividades profissionais.
Um exemplo disso ocorreu durante as eleições, quando esse tipo de crime foi utilizado para atacar candidatas do sexo feminino durante o período de campanha. Nos Estados Unidos, Kamala Harris foi alvo de diversos fake nudes disseminados na internet.
Isso mostra o impacto profundo na sociedade, já que as eleições presidenciais dos EUA têm repercussões na geopolítica global. Esse movimento contrasta com o crescimento das criadoras de conteúdo adulto, que vêm ganhando espaço, mas também podem ser prejudicadas por esse estigma.
Em vez de consumir mídias manipuladas, uma alternativa seria valorizar o trabalho legítimo dessas profissionais, que varia desde ensaios eróticos até vender pack do pé, conforme cada criadora.
Para quem não está diretamente envolvido, a principal forma de combater esse tipo de conteúdo falso é não divulgá-lo e denunciá-lo na internet. É importante evitar qualquer tipo de engajamento com essas mídias e acionar as autoridades competentes.
No caso das vítimas, é essencial manter a calma e registrar um boletim de ocorrência. Além disso, buscar ajuda profissional pode ser crucial, considerando os impactos na saúde mental que essa situação pode causar.
Mesmo com todas as medidas, os danos podem ser irreversíveis. Muitas vítimas perdem o emprego, enfrentam problemas familiares e têm dificuldades nos estudos. Nos casos mais extremos, algumas podem até tentar tirar a própria vida.
Os deep nudes representam um grave problema social que precisa de mais atenção da sociedade em geral. Com as ações corretas, é possível reduzir a disseminação desse tipo de material na internet e diminuir os danos às vítimas.
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ALICE BATISTA DE ALMEIDA
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