O empreendedorismo brasileiro bateu um novo recorde em 2024. Segundo dados do Sebrae, foram abertas 4.158.122 novas empresas no país, o maior número da série histórica. O crescimento foi de 9,9% em relação a 2023 (que teve 3,8 milhões de novos registros) e impressionantes 128,1% em comparação a 2014, quando cerca de 1,8 milhão de empresas foram abertas.
Apesar da marca expressiva, o alto índice de mortalidade de negócios ainda preocupa. Dados do próprio Sebrae apontam que quase 30% das empresas fecham as portas antes de completar cinco anos. Para especialistas, o cenário atual apresenta oportunidades, mas também exige cautela, planejamento e estrutura jurídica adequada para garantir a sobrevivência no longo prazo.
A importância da reforma tributária
Um dos fatores que pode influenciar positivamente esse cenário é a reforma tributária, aprovada em 2023 e que começa a ser implementada gradualmente no país. A medida promete simplificar a cobrança de impostos, unificando tributos e facilitando a vida dos empreendedores.
Para a advogada Ana Franco Toledo, sócia do escritório Dosso Toledo Advogados, a reforma traz impactos importantes. “A complexidade tributária brasileira sempre foi uma barreira para os pequenos e médios empresários. Com a unificação dos tributos sobre consumo, por exemplo, teremos mais clareza nas obrigações fiscais, o que reduz o risco de erros e penalidades que poderiam comprometer a saúde financeira das empresas”, afirma.
Ana ressalta ainda que o novo modelo incentiva a formalização dos negócios. “Muitos empreendedores optavam por atuar na informalidade por medo da burocracia. Com um sistema mais transparente, espera-se um aumento no número de empresas regularizadas e com maior potencial de crescimento.”
O papel do suporte jurídico nos primeiros anos
Mais do que entender as mudanças tributárias, o acompanhamento jurídico constante é fundamental desde o nascimento da empresa. Para o advogado Ricardo Dosso, também sócio do Dosso Toledo Advogados, o erro de muitos empreendedores é subestimar a importância de um planejamento jurídico desde o início.
“Não basta apenas ter uma boa ideia ou um bom produto. É preciso garantir que a estrutura da empresa esteja juridicamente sólida. Isso inclui desde a escolha do tipo societário mais adequado, contratos bem elaborados com fornecedores e clientes, até a proteção da marca e propriedade intelectual”, explica Ricardo.
Segundo ele, a ausência de assessoria jurídica adequada pode levar a litígios, autuações fiscais e problemas societários que, muitas vezes, inviabilizam o negócio. “Investir em um departamento jurídico desde o começo é um diferencial competitivo que pode evitar prejuízos significativos no futuro”, completa.
Caminhos para o crescimento sustentável
Com o aumento no número de empresas e a perspectiva de um ambiente mais amigável com a reforma tributária, o cenário é positivo — mas exige preparo. A combinação entre um sistema tributário simplificado e a orientação jurídica correta pode ser determinante para transformar o boom do empreendedorismo em histórias de sucesso duradouras.
Para os especialistas, o recado é claro: empreender no Brasil continua desafiador, mas com informação, planejamento e suporte técnico, as chances de prosperar nunca foram tão grandes.
