Qual o real impacto da energia solar no sistema elétrico brasileiro?

Com mais de 55 GW instalados, a energia solar já é a segunda maior fonte da matriz elétrica nacional

JULIA ABDUL - HAK | SMARTCOM INTELIGêNCIA EM COMUNICAçãO
13/05/2025 17h19 - Atualizado há 13 horas
Qual o real impacto da energia solar no sistema elétrico brasileiro?
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O Brasil ultrapassou, em 2025, a marca de 55 gigawatts (GW) de capacidade instalada em energia solar, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). O avanço coloca a fonte solar como a segunda maior da matriz elétrica brasileira, atrás apenas da hídrica, respondendo por cerca de 22% da potência total do sistema.

Grande parte desse crescimento veio da chamada geração distribuída, a modalidade em que consumidores, como residências, comércios e fazendas, instalam sistemas fotovoltaicos e produzem sua própria energia. Segundo dados da ANEEL, o país conta hoje com mais de 3,3 milhões de sistemas de micro e minigeração distribuída (MMGD), totalizando 37,6 GW de potência instalada.
Apesar dos benefícios econômicos e ambientais, o avanço da energia solar também traz desafios para a infraestrutura do setor elétrico, especialmente na adaptação das redes de distribuição e na revisão do modelo tarifário.

“O modelo tradicional do nosso setor elétrico foi pensado para que o fluxo de energia aconteça em uma única direção: das grandes usinas para os consumidores. Agora, com milhões de pequenos geradores injetando energia na rede, precisamos repensar essa lógica”, explica Sidney Simonaggio, engenheiro e advogado, especialista em energia. “A inversão de fluxo de potência tem que ser levada em conta nos estudos elétricos e não pode ser limitadora da expansão das fontes renováveis”, acrescenta.

Para Simonaggio, um dos principais gargalos é a defasagem entre o crescimento da geração distribuída e o investimento em modernização das redes elétricas. “A rede precisa estar preparada para absorver a energia que vem do telhado do vizinho. Se não houver investimento em tecnologia e regulação clara, vamos comprometer a qualidade e a confiabilidade do fornecimento”, alerta. “Além disso, a malha de transmissão deve estar devidamente reforçada e configurada para que não ocorram situações de desligamentos generalizados como a recentemente vivenciada na Europa”, complementa.

A Lei nº 14.300/2022, conhecida como Marco Legal da Geração Distribuída, prevê mudanças importantes a partir de 2029. A aplicação da tarifa binômia deve corrigir os chamados subsídios cruzados, quando consumidores com painéis solares pagam menos pelo uso da rede, e o custo acaba sendo dividido entre quem não gera energia. “É preciso garantir que o sistema seja justo para todos. A energia solar é uma revolução positiva, mas não pode ser sustentada às custas de quem não pode investir num painel solar”, afirma Simonaggio.

O Brasil avança rapidamente rumo à transição energética. Mas, como reforça o especialista, esse caminho precisa ser tecnicamente planejado, regulamentado com equilíbrio e acompanhado de infraestrutura adequada, para garantir um futuro de energia limpa e acessível a todos.

Sobre Sidney Simonaggio: Sidney é um renomado especialista em energia com 45 anos de experiência no setor elétrico, incluindo atuação como CEO, COO, CRO, consultor e conselheiro de diversas empresas brasileiras do ramo, e contribuições significativas para o desenvolvimento e regulação da transmissão e geração de energia no Brasil.
 

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JULIA DE MELLO ABDUL HAK
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