Crise hídrica expõe fragilidade da matriz energética e reacende debate sobre planejamento

Com armazenamentos nos reservatórios abaixo da média, especialista alerta para necessidade de acionamento de termelétricas, ainda que haja impacto direto na conta de luz em 2025

JULIA ABDUL - HAK | SMARTCOM INTELIGêNCIA EM COMUNICAçãO
15/05/2025 10h31 - Atualizado há 17 horas
Crise hídrica expõe fragilidade da matriz energética e reacende debate sobre planejamento
Crise hídrica expõe fragilidade da matriz energética e reacende debate sobre planejamento
Em 2025, o Brasil deverá estar atento aos efeitos do fenômeno La Niña.  As vazões naturais afluentes armazenáveis estão muito baixas, com previsão para o final de maio de 74% na região Sudeste, 30% na região Sul, 43% na região Nordeste e 55 % na região Norte, segundo estudos do Operador Nacional do Sistema.

Essa baixa afluência, se mantida, vai acarretar redução nos níveis dos reservatórios e impactar diretamente o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), indicador que serve de base para as transações no mercado de curto prazo. Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, o PLD médio foi de R$ 60/MWh, mas em fevereiro esse valor já se aproximava de R$ 85/MWh nos submercados Sul e Sudeste. As previsões de valor para as próximas semanas se aproximam de R$ 275,00/MWh, espelhando a realidade das afluências mencionadas acima.

“É muito importante que as térmicas sejam acionadas de forma preventiva, para que não haja o deplecionamento excessivo dos níveis dos reservatórios, ainda que isso eleve os custos da energia produzida”, alerta Sidney Simonaggio, consultor especializado em energia.

O acionamento de termelétricas, que serve como alternativa em momentos de baixa hidrologia, representa um salto significativo no custo da geração. Enquanto a energia hídrica gira em torno de R$ 100/MWh, a termelétrica pode ultrapassar R$ 1.000/MWh, dependendo da fonte e do combustível.
“Não se trata apenas de uma decisão técnica, mas de uma escolha estratégica. Ativar termelétricas é sempre custoso, mas não se ter energia pode custar muitas vezes mais caro. O não acionamento das usinas térmicas é uma aposta que não pode ser feita”, explica Simonaggio.

A expectativa para os próximos meses é de agravamento da situação, caso as condições hidrológicas não melhorem. Segundo estimativas da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o PLD pode ultrapassar R$ 300/MWh entre julho e outubro, e chegar a R$ 400/MWh em cenários mais críticos, o que pode resultar na aplicação de bandeiras tarifárias mais caras para os consumidores.

* Sidney Simonaggio é especialista em energia com 45 anos de experiência no setor elétrico, incluindo atuação como CEO, COO, CRO, consultor e conselheiro de diversas empresas brasileiras do ramo, e contribuições significativas para o desenvolvimento e regulação da transmissão e geração de energia no Brasil.
 

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JULIA DE MELLO ABDUL HAK
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