Grandes empresas recorrem à Recuperação Judicial em 2025 para evitar colapso financeiro

11/06/2025 14h55 - Atualizado há 2 semanas
Grandes empresas recorrem à Recuperação Judicial em 2025 para evitar colapso financeiro
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Em meio a um cenário econômico ainda marcado por juros altos, crédito restrito e lenta recuperação da atividade produtiva, 2025 já se consolida como mais um ano de forte crescimento nos pedidos de Recuperação Judicial no Brasil. Embora o instrumento seja frequentemente utilizado por pequenas e médias empresas, nomes de peso da economia nacional também estão recorrendo à Justiça para evitar a falência.

 

Entre os pedidos mais notórios deste ano, estão os da Bombril, ícone do setor de higiene e limpeza, e da Voepass Linhas Aéreas. Essas companhias se unem a uma lista que inclui Gol Linhas Aéreas, Casas Bahia, Casa do Pão de Queijo, Lojas Americanas e a rede Dia, que também optaram pela Recuperação Judicial ou procedimentos similares em 2024 e 2025.

 

Criada pela Lei nº 11.101/2005, a Recuperação Judicial é um mecanismo legal que permite que empresas em crise financeira negociem suas dívidas com os credores sob supervisão da Justiça. O objetivo é preservar a atividade empresarial, manter empregos e garantir o pagamento, ainda que parcial, das obrigações assumidas.

 

Para a advogada Ana Franco Toledo, sócia no escritório Dosso Toledo Advogados, a RJ não é um fim em si mesma, mas uma oportunidade de reorganização:

 

“A Recuperação Judicial não significa falência. Pelo contrário: é uma ferramenta para reestruturar a empresa, negociar com credores e tentar garantir a continuidade das atividades”, afirma Ana.

 

Entre os principais benefícios da Recuperação Judicial, destacam-se:

•          Suspensão das cobranças judiciais por até 180 dias;

•          Renegociação de dívidas com descontos e prazos maiores;

•          Manutenção das operações da empresa, evitando demissões e fechamento imediato;

•          Transparência e organização fiscal, sob supervisão judicial e com acompanhamento de um administrador judicial.

 

O advogado Ricardo Dosso, também sócio do Dosso Toledo Advogados, explica que a RJ oferece tempo e estrutura para que a empresa volte a se equilibrar:

 

“O maior ativo da Recuperação Judicial é o tempo. Ela permite interromper a pressão dos credores e criar espaço para reequilibrar o caixa. Mas é fundamental que haja um plano viável e boa-fé dos administradores”, reforça Dosso.

 

Segundo os especialistas, muitas empresas demoram a buscar ajuda jurídica e acabam tornando sua situação ainda mais difícil. Sinais de alerta como inadimplência contínua, restrição de crédito, interrupção de contratos com fornecedores, dívidas tributárias crescentes e processos de execução devem acionar o alarme.

 

“O ideal é procurar um advogado especializado logo nos primeiros sinais de desequilíbrio financeiro, antes que a crise se agrave a ponto de inviabilizar até mesmo uma recuperação”, aconselha Ana Franco Toledo.

 

Além disso, contar com um escritório com experiência comprovada na área é essencial para elaborar um plano consistente, negociar com credores e conduzir todo o processo com segurança jurídica.

 

Com a manutenção da taxa Selic em patamares elevados e a dificuldade de acesso a capital de giro, a expectativa é que o número de pedidos de Recuperação Judicial continue crescendo ao longo de 2025. Especialistas alertam que, embora o cenário seja desafiador, a RJ pode ser uma alternativa real e eficaz para empresas que ainda têm potencial de mercado, mas enfrentam problemas momentâneos de liquidez.

 

“A recuperação judicial é uma ponte. Se bem estruturada, ela leva a empresa do caos ao recomeço. Mas exige planejamento, transparência e um time jurídico experiente”, conclui Ricardo Dosso.


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