Tensão entre Irã, Estados Unidos e Israel ameaça estabilidade do comércio exterior e acende alerta no setor de importação e exportação

29/06/2025 20h12 - Atualizado há 16 horas
Tensão entre Irã, Estados Unidos e Israel ameaça estabilidade do comércio exterior e acende alerta no setor
Cristiane Fais é CEO da Accrom Consultoria em Logística Internacional

O aumento das tensões militares entre Irã, Estados Unidos e Israel, com trocas de ameaças, ataques diretos e temor de uma escalada regional, tem gerado apreensão no comércio internacional e afetado diretamente as cadeias logísticas e os custos de importação e exportação. Com o risco de novos bombardeios no Oriente Médio, empresas brasileiras já enfrentam atrasos, aumento de custos e no frete marítimo e de tempo nas rotas marítimas e aéreas, causando dificuldades no planejamento de rotas e estoques.

 

Segundo Cristiane Fais, CEO da Accrom Consultoria em Logística Internacional, o impacto das incertezas geopolíticas na região é imediato e profundo, especialmente porque o Oriente Médio é um dos principais corredores de transporte marítimo do planeta.

 

- “A instabilidade na região do Golfo Pérsico e do Mar Vermelho afeta diretamente rotas estratégicas como o Estreito de Ormuz e o Canal de Suez, por onde passa boa parte do petróleo e das mercadorias que abastecem Europa, Ásia e Américas,” explica Cristiane Fais.

 

 

Rotas alteradas e custos em alta

 

Com a ameaça constante de ataques a navios mercantes — como já ocorreu com embarcações civis nas últimas semanas — diversas empresas de navegação têm redirecionado rotas para áreas mais seguras, como a ponta sul da África. Essa mudança pode elevar o tempo de trânsito em até 15 dias e aumentar os custos logísticos.

 

- “Atrasos logísticos, sobretaxas e aumento no valor dos seguros de carga já são reais e estão sendo repassados ao importador e exportador. Isso acaba encarecendo produtos e reduzindo a competitividade global e inclusive das empresas brasileiras no exterior e mesmo aqui dentro de nossa economia interna”, afirma Fais.

 

Embora o Brasil não dependa diretamente de importações do Irã ou de Israel em larga escala, os reflexos são sentidos nos insumos industriais, fertilizantes, combustíveis, peças e componentes eletrônicos, componentes e tecnologia voltados para o agro, como para irrigação de nossas lavouras, que vêm de outras regiões mas passam por rotas marítimas afetadas pelo conflito

 

Além disso, o aumento da volatilidade do dólar, impulsionado pelo risco geopolítico, interfere diretamente no custo de importações e na previsibilidade dos contratos de exportação.

 

- “Exportadores e importadores brasileiros estão tendo que rever cronogramas de fabricação, entrega e prazos de embarque”, ressalta a CEO da Accrom.

 

 

 

Medidas de contenção e planejamento estratégico

 

 

Cristiane Fais orienta que empresas importadoras e exportadoras invistam em inteligência logística, análise de riscos e diversificação de fornecedores e rotas, especialmente em tempos de instabilidade geopolítica.

 

“É hora de reforçar os contratos com cláusulas de força maior, monitorar de perto os alertas marítimos e revisar estoques de segurança. O cenário exige planejamento detalhado e capacidade de resposta rápida,” recomenda.

 

 

 

Incertezas à frente

 

Com a escalada de declarações entre Washington, Teerã e Tel Aviv, não há previsões de desescalada a curto prazo. Para o comércio internacional, cada dia de tensão representa um novo obstáculo a ser gerenciado por empresas que dependem de previsibilidade para operar em mercados globais.

 

- “A guerra no Oriente Médio não afeta apenas os países diretamente envolvidos, mas toda a engrenagem do comércio global. É uma crise silenciosa que impacta containers, contratos e competitividade, e inclusive Ribeirão Preto e região onde estão instaladas grandes empresas de irrigação e tecnologia, que possuem em Israel sua principal fonte de fornecimento”, conclui Cristiane Fais.

 


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