Uso da Inteligência Artificial já provoca litígios e novas exigências contratuais entre empresas

22/07/2025 16h14 - Atualizado há 11 horas
Uso da Inteligência Artificial já provoca litígios e novas exigências contratuais entre empresas
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A rápida adoção de ferramentas de inteligência artificial (IA) no ambiente corporativo tem transformado a forma como as empresas operam, inovam e competem. No entanto, junto com os avanços tecnológicos, surgem também desafios jurídicos inéditos, que começam a gerar litígios entre empresas e uma crescente demanda por revisão e criação de cláusulas contratuais específicas.

 

O uso de IA para automação de processos, análise de dados, atendimento ao cliente e até mesmo tomada de decisões estratégicas levanta questões importantes sobre responsabilidade civil, propriedade intelectual, proteção de dados e compliance. Já há casos concretos em que empresas discutem judicialmente a autoria de conteúdos gerados por IA, ou mesmo prejuízos causados por decisões automatizadas equivocadas.

 

- “A inteligência artificial não opera no vácuo jurídico. Se uma empresa utiliza IA para tomar decisões que afetam terceiros — como parceiros comerciais, fornecedores ou consumidores — ela pode ser responsabilizada por danos. O problema é que muitas organizações ainda não adaptaram seus contratos para contemplar esses riscos”, explica a advogada Ana Franco Toledo, sócia do escritório Dosso Toledo Advogados.

 

Entre os principais pontos de tensão estão o uso indevido de dados sensíveis por sistemas de IA, violações à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), falhas técnicas que causam prejuízos e até disputas sobre direitos autorais de conteúdos gerados por algoritmos. Tudo isso exige revisão criteriosa de contratos comerciais, acordos de prestação de serviço, termos de uso e políticas de privacidade.

 

- “Já há pesquisas que indicam um aumento na judicialização envolvendo ferramentas de IA, principalmente quando não há clareza contratual sobre quem é o responsável em caso de erro ou dano. De acordo com reportagem de autoria de Luiza Calegari, veiculada ao Jornal Valor Econômico, 64% das ações ajuizadas resultaram em condenação pelas falhas no uso da inteligência artificial. Assim, é essencial que as empresas incluam cláusulas específicas sobre o uso de tecnologias, limites de responsabilidade e critérios de segurança”, alerta a advogada Ana Vitória Oliveira Castro, também do escritório Dosso Toledo Advogados.

 

Além disso, empresas que contratam fornecedores ou startups de tecnologia devem adotar uma postura preventiva, exigindo garantias de conformidade legal e ética no uso da inteligência artificial. Isso inclui auditorias nos algoritmos, relatórios de impacto e até seguros contra falhas operacionais.

 

Em um cenário em que a IA seguirá se expandindo, o componente jurídico se torna uma peça-chave. A ausência de regulamentação clara não isenta as empresas de responsabilidade — ao contrário, torna ainda mais importante a atuação preventiva do departamento jurídico.

 

- “A inteligência artificial pode ser uma aliada poderosa, mas somente com uma governança jurídica bem estruturada será possível mitigar riscos, evitar litígios e garantir relações comerciais seguras e sustentáveis”, conclui Ana Franco Toledo.


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