Por que algumas pessoas são mais ansiosas que outras?

Biomédica especialista em Neurociência e Psiconeuroimunologia Clínica, Telma Abrahão, explica como o corpo responde ao perigo desde a infância

MáRCIA STIVAL ASSESSORIA
07/02/2025 14h51 - Atualizado há 2 meses
Por que algumas pessoas são mais ansiosas que outras?
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Estresse constante vivido durante a infância pode impactar profundamente a saúde mental e física na vida adulta. Estudos apontam que o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), responsável pela regulação dos hormônios do estresse, pode se tornar hiperativo em crianças que foram criadas em ambientes abusivos ou negligentes, principalmente com uma educação baseada no medo, aumentando o risco de transtornos como ansiedade, depressão e síndrome do pânico.

O sistema de “alarme” do corpo, tem o objetivo de funcionar para proteger a vida. Ele busca por pistas de segurança e insegurança no ambiente. Quando alguma situação de perigo ou estressante acontece ele é ativado.

Esse funcionamento é essencial para a manutenção da vida. No entanto, quando essa ativação se torna crônica, pode desencadear desequilíbrios hormonais e impactar a capacidade do organismo de lidar com emoções, sono e até mesmo processos metabólicos.

De acordo com Telma Abrahão, biomédica especialista em neurociência e em Psiconeuroimunologia clínica, crianças que crescem com medo constante, sofrem ameaças, castigos e surras aprendem a funcionar em estado de alerta constante, o que pode moldar a maneira como reagem a desafios ao longo da vida. "O cérebro de uma criança que vive sob estresse intenso se adapta para detectar perigo o tempo todo. Esse padrão pode persistir na vida adulta, levando à ansiedade crônica sem que a pessoa compreenda a origem do problema", explica Abrahão. Esse estado de hipervigilância pode levar a um ciclo de estresse constante, em que o organismo permanece em prontidão mesmo na ausência de ameaças reais, dificultando a capacidade de relaxamento e adaptação a novas situações.

A ativação excessiva do eixo HPA pode resultar no aumento contínuo dos níveis de cortisol, o que, a longo prazo, pode causar efeitos prejudiciais à saúde. Entre as principais consequências estão dificuldades na regulação emocional, insônia, fadiga crônica, déficits cognitivos e maior risco de doenças cardiovasculares. Além disso, o estresse prolongado compromete o sistema imunológico, tornando o organismo mais suscetível a inflamações e infecções. Estudos apontam que a exposição frequente a altos níveis de cortisol pode contribuir para o desenvolvimento de doenças autoimunes e metabólicas, como obesidade, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica.

O impacto do estresse crônico na infância pode ter repercussões que se estendem ao longo da vida. Telma Abrahão ressalta que traumas vividos nos primeiros anos podem reprogramar a resposta do cérebro ao estresse, criando padrões de comportamento baseados na hipervigilância e na dificuldade de auto regulação emocional. "É essencial criarmos ambientes seguros para as crianças, pois a infância é base da construção da saúde do indivíduo. Segurança física e emocional são essenciais para o bom desenvolvimento do cérebro humano” reforça a especialista. O ambiente em que a criança cresce tem um papel determinante na maneira como seu sistema de resposta ao estresse se estrutura, e intervenções precoces podem ser fundamentais para evitar o desenvolvimento de transtornos emocionais no futuro.

Além das consequências psicológicas, a hiperativação do eixo HPA pode afetar a produção e o equilíbrio de outros hormônios essenciais para o funcionamento do organismo. Em alguns casos, a exposição prolongada ao estresse pode levar à exaustão do sistema, resultando em uma redução da produção natural de cortisol, o que prejudica a resposta imunológica e pode aumentar a vulnerabilidade a doenças.

Diante desse cenário, especialistas destacam a importância de estratégias eficazes para minimizar os impactos negativos do estresse e preservar o equilíbrio do eixo HPA. Práticas como meditação, mindfulness, atividades físicas regulares, sono adequado e alimentação equilibrada são recomendadas para reduzir os níveis de estresse e auxiliar na regulação emocional. Técnicas de respiração e abordagens terapêuticas, como a terapia cognitivo-comportamental, também se mostram fundamentais para ajudar na adaptação do organismo e na construção de respostas mais saudáveis ao estresse.

Por meio de seu trabalho na UniNeuroconsciente, Telma Abrahão capacita profissionais da saúde a auxiliarem pacientes na regulação do sistema de estresse, promovendo a saúde emocional e prevenindo padrões disfuncionais que podem se perpetuar por gerações. Essa abordagem inovadora é um dos focos da Pós-Graduação em Neurociência, Trauma e Saúde Mental, especialização que oferece uma formação pioneira e reconhecida internacionalmente, capacitando os profissionais a entenderem a conexão entre os traumas de infância e os desafios de comportamento, saúde física e mental na vida adulta.


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MARCIA ROSANE STIVAL
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