As recentes políticas tarifárias dos Estados Unidos, conhecidas como “tarifaço de Trump”, vêm movimentando os bastidores do comércio internacional. Embora tenham gerado tensão em diversos setores da economia global, essas medidas abrem uma inesperada — e promissora — janela de oportunidades para o Brasil. É o que explica Cristiane Fais, CEO da Accrom Consultoria em Logística Internacional.
- “A imposição de tarifas mais agressivas por parte dos Estados Unidos sobre produtos de países como China e membros da União Europeia faz com que muitas nações comecem a buscar fornecedores alternativos. E o Brasil entra nesse cenário como uma opção viável, estratégica e competitiva”, afirma Fais.
Segundo a especialista, o momento exige atenção e proatividade por parte do setor exportador brasileiro. - “Essa reconfiguração comercial internacional pode ser um catalisador para o Brasil solidificar novas parcerias. Estamos diante de uma excelente oportunidade de ampliar nossa presença em mercados que até então eram dominados por grandes potências exportadoras”, destaca.
Acordos comerciais e fortalecimento de blocos
Com o rearranjo das relações comerciais globais, o Brasil também pode se beneficiar do fortalecimento de acordos com blocos estratégicos, como o Mercosul e países asiáticos. Além disso, segundo Fais, a instabilidade causada pelas tarifas americanas pode acelerar conversas e negociações entre o Mercosul e a União Europeia — um acordo há anos em negociação.
- “A aproximação com a Europa, diante da busca por alternativas comerciais, ganha novo fôlego. Com produtos agrícolas, minerais e industriais de alta qualidade, o Brasil tem muito a oferecer a esse mercado exigente. O tarifaço, embora polêmico, pode acelerar decisões estratégicas que vinham sendo postergadas”, observa.
Relações com os Estados Unidos: diplomacia e oportunidade
Apesar do impacto direto das tarifas sobre o cenário global, o Brasil adota uma postura equilibrada em relação aos EUA, mantendo o diálogo aberto e diplomático. Para Cristiane Fais, isso pode ser mais um trunfo brasileiro.
- “Os Estados Unidos continuam sendo um dos nossos principais parceiros comerciais. A neutralidade e o bom relacionamento diplomático do Brasil permitem que as conversas avancem com foco em soluções comerciais e oportunidades mútuas. O momento é propício para estreitar laços e explorar nichos de mercado ainda pouco explorados com os norte-americanos”, pontua.
Expansão do mercado consumidor brasileiro no exterior
A CEO da Accrom acredita que esse é o momento ideal para empresas brasileiras investirem em expansão internacional. - “Com os holofotes voltados para o Brasil, temos a chance de aumentar nosso market share em setores estratégicos. Mas, para isso, é preciso estar preparado logisticamente, com inteligência de mercado e planejamento estratégico de exportação.”
Cristiane Fais conclui com um recado ao setor produtivo: - “Essa é uma janela que pode não durar muito. Quem se antecipar, se posicionar com qualidade e competitividade, tem grandes chances de transformar essa crise global em uma oportunidade histórica de crescimento.”
