Ela Não Volta, filme dirigido por Renata Sette, lança campanha de financiamento coletivo para sua fase de finalização.
Nesta quinta-feira (8/05), a Manjericão Filmes realizou evento na sede do Grupo Mulheres do Brasil (GMB), em São Paulo, do lançamento da campanha de crowdfunding na plataforma Apoia-se para a finalização do documentário Ela Não Volta.
O longa, dirigido por Renata Sette e produzido por Rafaella Costa, dá o protagonismo a Alana, Mariana e Sandra, três vítimas do ciclo de violência doméstica. Por meio de depoimentos de familiares, o filme traz à vida as histórias dessas mulheres fortes, suas mudanças de comportamento a partir de relacionamentos abusivos e seus finais trágicos. “Se não interrompido, o ciclo da violência contra a mulher mata”, afirma a diretora e roteirista.
Após a exibição de um corte não finalizado de Ela Não Volta para um público majoritariamente feminino, uma mesa de debate exclusivamente composta por mulheres, com mediação de Bete Scheibmayr líder do Comitê de Combate à Violência contra Mulheres e Meninas do GMB, destacou a importância de abordar essa sensível temática. “Se nós, mulheres, conseguíssemos falar mais umas com as outras sobre essas violências, teríamos uma consciência maior de que não acontece só com a gente, mas com muitas de nós“, diz a jornalista Valéria Monteiro. “Por vergonha, a gente fecha as cortinas para o vizinho não ver, quando quem tem que ter vergonha são eles [os abusadores]”, completa.
“A maior parte da população brasileira não trabalha com gênero. A descrença dos homens em relação à violência é gigante, mesmo quando eles a experienciaram dentro de casa. Porque, partir do momento em que eles enxergam, vão ter que tomar uma atitude”, ressalta Anne Willians, do Instituto Nelson Willians.
Priscila Santos, psicóloga que por anos atendeu o filho de uma das protagonistas do documentário, trouxe sua experiência com as sequelas da violência, trabalhando com aspectos lúdicos a partir de arte e escuta.
Embora focado em três vítimas, o tema do documentário é universal. “Não estamos falando só de Mariana, Sandra e Alana. Estamos falando de todas nós. Temos que trabalhar para que essas mulheres todas tenham voz”, preocupa-se Ivanda Sobrinha, do Instituto Natura. “A violência não acaba quando o relacionamento termina, nem com o feminicídio. As famílias vivem com o medo, uma vez que a lei prevê que os genitores, após adquirirem a liberdade, têm direito a exercer a paternidade”, explica.
A pesquisadora e advogada Cláudia Luna, ha 27 anos atuando em defesa das mulheres, trouxe dados de pesquisas que diagnosticaram as principais vítimas em idade produtiva e reprodutiva. “Ela Não Volta sacode a nós que estamos neste sistema. Geralmente o laudo de lesão corporal dessa mulheres é de natureza ‘leve’. Mas temos que lembrar que não é só lesão corporal. É lesão psicológica”, alerta. “Feminicídio não é somente o assassinato de mulheres. Feminicídio é um crime de ódio”, conclui.
Como contribuir com o filme
Para finalizar o longa-metragem, a Manjericão Filmes colocou no ar a campanha de financiamento coletivo na plataforma Apoia-se.
Entre as recompensas pela contribuição estão agradecimentos no fim do filme, ingressos para a estreia e incensário de cerâmica produzido pelo Instituto Arte Mulher.
Quem quiser colaborar, pode acessar o site https://apoia.se/elanaovolta.
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VALERIA MAGNABOSCO BLANCO
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