24/09/2022 às 12h00min - Atualizada em 24/09/2022 às 12h00min
O efeito C.S.I.: da ficção ao imaginário popular.
Matheus de Oliveira é psicólogo forense Por Matheus de Oliveira, psicólogo forense
CSI: Crime Scene Investigation estreou na televisão americana em 6 de outubro de 2000, há exatos 20 anos. Foi um sucesso instantâneo. No lugar dos detetives tradicionais, um grupo disforme de cientistas nada malucos com maletas. Revelando digitais, usando luz fluorescente para descobrir manchas de sangue, saliva, sêmen, fazendo complexos testes de DNA, quebrando janelas, vidros, carros, traçando trajetórias de balas e reencenando crimes com maestria. Tudo isso ao som de The Who.
A série mais referenciada quando se fala em investigação criminal, no entanto, não passou incólume pelos críticos. A começar por sua visão fantasiosa da ciência: nenhum crime estava além das provas, nenhum assassinato era cometido sem que pelo menos um fio de cabelo fosse deixado para trás. Uma visão, no mínimo, muito ingênua da realidade.
Se é possível argumentar que era apenas uma série, as coisas logo ficaram mais sérias e o fenômeno de falsas expectativas geradas pela produção ganhou até um nome: CSI EFFECT (efeito CSI). Usada pela primeira vez ainda em 2004 pelo jornal USA Today, a expressão se tornou comum para falar das ideias erradas que a séries (e títulos similares) criaram nas pessoas.
"Alguns advogados de defesa dizem que CSI e programas semelhantes fazem os jurados confiar demais em descobertas científicas e não querem aceitar que essas descobertas possam ser comprometidas por erros humanos ou técnicos", narrou a reportagem.
Porém o efeito não é de todo mal, pois com o advento das séries isso fez crescer o interesse das pessoas pelo trabalho pericial, resultando até mesmo em investimentos na polícia, para que pudessem ter ferramentas tão eficazes quanto as da ficção.
Conclui-se, então, que o pressuposto principal do “Efeito CSI” estabelece uma relação entre a exposição e consumo de ficção televisiva em que a ciência forense é de certa forma representada como infalível e as percepções e avaliações de prova científica no mundo real. As preocupações associadas à possibilidade de os veredictos estarem sendo contaminados por expectativas exageradas relativamente à prova científica levaram ao estudo acadêmico do “Efeito CSI”.
Conhecia esse efeito? Será que ele já te afetou?