Desinformação previdenciária pode comprometer o futuro da aposentadoria no Brasil
Especialistas alertam para os riscos de não contribuir desde cedo e destacam a importância da educação financeira e da previdência complementar como estratégias para garantir uma velhice segura e independente
JULIA ABDUL - HAK | SMARTCOM INTELIGêNCIA EM COMUNICAçãO
04/06/2025 16h08 - Atualizado há 1 dia
Freepik
Apesar de representarem uma das maiores forças de trabalho do país, os jovens brasileiros ainda têm baixa adesão à contribuição previdenciária. A ideia de que aposentadoria é um assunto distante ou irrelevante tem afastado do INSS muitos profissionais em início de carreira, gerando consequências preocupantes para o futuro, tanto individual quanto coletivo.
Para a advogada Yasmim Dantas, especialista em Direito Previdenciário do Brisola Advocacia Associados, a ausência de cultura previdenciária entre os jovens é um dos principais desafios enfrentados pelo sistema. “Muitos só passam a se preocupar com a contribuição ao INSS quando precisam de benefícios como auxílio-doença, licença-maternidade ou aposentadoria. Então descobrem que não têm direito por falta de contribuições regulares”, afirma.
Com o envelhecimento populacional e os desafios da previdência pública, especialistas reforçam a importância de os jovens pensarem desde cedo na sua longevidade financeira. Dados do IBGE mostram que os idosos, atualmente 16% da população brasileira, podem chegar a 28% até 2046.
Com a expectativa de vida aumentando, cresce também a pressão sobre o sistema previdenciário, que já enfrenta déficit histórico. Segundo o Ministério da Previdência Social, entre janeiro e setembro de 2024, o rombo do INSS chegou a R$ 265,8 bilhões, superando em R$ 16,9 bilhões o mesmo período do ano anterior.
Além disso, 92% dos aposentados brasileiros dependem exclusivamente do INSS, cujo benefício médio é de apenas R$ 1.891,33, valor insuficiente para manter a qualidade de vida. Da mesma forma, apenas 3% utilizam previdência privada e 2% recorrem à ajuda de familiares, segundo a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
“A dependência quase total do INSS evidencia a falta de preparação financeira e de alternativas viáveis para a população mais velha. E é aí que a contribuição precoce e o planejamento previdenciário fazem toda a diferença”, pontua a advogada.
Outro fator que agrava esse cenário é o descompasso entre a realidade do mercado de trabalho e a estrutura previdenciária atual. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, quase 50% dos jovens entre 20 e 24 anos estão fora do mercado de trabalho formal. Entre os que trabalham, muitos estão em empregos informais, intermitentes ou por conta própria, o que reduz drasticamente a contribuição ao INSS e compromete a proteção social desses jovens no curto e longo prazo.
A FGV também aponta que os jovens enfrentam níveis mais altos de rotatividade e instabilidade profissional, com impactos diretos no acúmulo de tempo de contribuição. Ou seja, mesmo aqueles que entram no mercado formal, frequentemente alternam períodos sem registro, o que prejudica a formação de uma base previdenciária sólida.
Segundo dados da FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), mais de 18 milhões de brasileiros têm planos de previdência privada e ativos que somam R$ 2,4 trilhões.
As consequências da não contribuição previdenciária desde cedo são sérias e podem comprometer diretamente a segurança financeira no futuro. A primeira delas é o afastamento da aposentadoria, já que a ausência de contribuições regulares dificulta o cumprimento do tempo mínimo exigido para acesso ao benefício. Além disso, há falta de proteção em momentos de emergência: trabalhadores informais ou que não contribuem perdem o direito a auxílios fundamentais, como o auxílio-doença e a pensão por morte para seus dependentes.
Por fim, a insegurança financeira na velhice se torna um risco concreto, sem uma previdência pública sólida nem planejamento complementar, muitas pessoas chegam à terceira idade sem renda suficiente para manter uma vida digna e independente.
Sobre Brisola Advocacia Associados – Focada em direito previdenciário, a Brisola Advocacia Associados foi fundada em 2009 com o objetivo de garantir os direitos dos beneficiários do INSS. Seus principais clientes decorrem da necessidade da aposentadoria por tempo de contribuição, com ênfase na aposentadoria especial. Atendem também outras solicitações relacionadas ao tema, como, por exemplo, benefícios por incapacidade, auxílio-maternidade, pensão por morte, entre outros. O escritório conta com sete advogados e também atende direito civil, direito da família e direito sucessório, além de causas trabalhistas. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
JULIA DE MELLO ABDUL HAK
[email protected]