O governo brasileiro anunciou nesta semana um pacote de medidas para apoiar produtores e exportadores prejudicados pelo chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos. Entre as ações, está a ampliação das compras públicas de alimentos nacionais, garantindo mercado para produtos como açaí, mel, castanhas, pescados e frutas tropicais em escolas, hospitais, presídios e nas Forças Armadas.
De acordo com o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, além da abertura de novos canais de escoamento interno, o governo também está oferecendo crédito, adiamento de impostos e reforço em programas como Drawback e Reintegra. Segundo ele, essas medidas não terão impacto fiscal, pois representam a antecipação de créditos tributários que já pertencem aos exportadores.
Para Cristiane Fais, CEO da Accrom Consultoria em Logística Internacional, a estratégia traz alívio imediato aos produtores, mas não deve ser vista como solução definitiva.
- “O pacote é fundamental para garantir que pequenos e médios produtores não fiquem sem mercado, especialmente em segmentos que dependem muito das exportações para os Estados Unidos”, avalia Fais.
Ela destaca, entretanto, que os empresários precisam olhar para além das medidas emergenciais do governo e investir em novas estratégias de inserção internacional. “A diversificação de mercados para exportação deve ser analisada com seriedade. Quando uma empresa concentra suas vendas em apenas um destino, fica vulnerável a medidas repentinas, como o aumento de tarifas. Buscar alternativas em outros países e blocos comerciais é a chave para reduzir riscos e fortalecer a competitividade”, afirma a especialista.
Segundo Fais, o cenário atual serve como um alerta para a importância de planejamento estratégico na logística internacional.
- “É preciso agir de forma preventiva, não apenas reativa. Com inteligência de mercado e suporte técnico adequado, os exportadores conseguem reduzir a dependência de um único parceiro comercial”, conclui.